O conselheiro do Programa Alimentar Mundial (PAM), Manuel Aranda da Silva, disse hoje, em Roma, que Angola integra um grupo de 15 países africanos a beneficiar dos 20 mil milhões de dólares concedidos na última Cimeira dos países mais desenvolvidos (G8) para as nações mais desfavorecidas.
Concordo em pleno. Mesmo sabendo que os homens e mulheres ligados ao poder vestem Hugo Boss ou Ermenegildo Zegna, compram relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex e gastam 120 mil euros numa pulseira.
Concordo, sobretudo na esperança de que algumas migalhas desse e de outros gigantes bolos financeiros cheguem aos angolanos reais. E esses, cerca de 70% da população, andam de barriga vazia, vivem nos bairros de lata, são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com... fome.
Aliás, Angola precisa de toda a ajuda, apesar de ser um país rico e de ter, como disse a “New Stateman”, um presidente que figura no “top 10” dos maiores ditadores do Mundo.
"Angola fará parte deste grupo desde que tenha programas claros na área de segurança alimentar, nutrição e produção agrícola que permitam a resolução dos problemas básicos das populações rurais", acrescentou Manuel Aranda da Silva.
E é claro que, tirando uma percentagem que será aplicada – por mero exemplo - na compra de roupa Hugo Boss ou Ermenegildo Zegna, ou em relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex, sempre vão sobrar alguns dólares para comprar uns sacos de fuba e de peixe seco... para os outros angolanos.
Manuel Aranda da Silva foi interrogado sobre um eventual regresso do PAM a Angola, onde esteve a funcionar no período de guerra: "Estamos dispostos a regressar a Angola de forma mais massiva, não com programa de emergência mas com acções de desenvolvimento".
Sim. Agora não há nenhuma necessidade de um programa de emergência. Desde logo porque os angolanos deixaram há sete anos de morrer devido às balas. Agora morrem à fome. Mas, convenhamos, é diferente morrer com uma bala (sobretudo da UNITA já que as do MPLA só matavam militares...) do que morrer à fome.
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