A 13 de Março de 1966, um grupo de nacionalistas liderado por Jonas Malheiro Savimbi, começou a escrever uma importante parte da história de Angola. Em 2011 o ex-ministro do Comércio do GURN pela UNITA, Joaquim Muafumba Icuma “Kinny” foi agredido durante uma reunião do comité permanente do seu partido realizada em Luanda.
Foi no Muangai, Província do Moxico, que tudo começou, e é em Luanda que tudo parece acabar.
Do Muangai saíram pilares como a luta pela liberdade e independência total da Pátria; Democracia assegurada pelo voto do povo através dos partidos; Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados primando sempre os interesses dos angolanos.
Resultaram também a defesa da igualdade de todos os angolanos na Pátria do seu nascimento; a busca de soluções económicas, priorização do campo para beneficiar a cidade; a liberdade, a democracia, a justiça social, a solidariedade e a ética na condução da política.
Em Angola, e até mesmo na UNITA, poucos saberão quem disse: ”Eu assumo esta responsabilidade e quando chegar a hora da morte, não sou eu que vou dizer não sabia, estou preparado"?
Alguém se lembra de que, como estão as coisas, nunca será resgatado o compromisso de Muangai firmado em 13 de Março de 1966?
A UNITA mostra, mesmo considerando os casos em que os militantes resolvem as divergências com agressões físicas, que sabe o que é a democracia e adoptou-a definitivamente. Tê-lo-á feito de forma consciente? Tenho algumas dúvidas, sobretudo depois das manipulações e vigarices eleitorais de que foi vítima, que já não esteja arrependida.
A UNITA, mesmo depois da morte de Jonas Savimbi, mostrou ao mundo que as democracias ocidentais estão a sustentar um regime corrupto e um partido que quer perpetuar-se no poder.
E se isto é verdade para Angola, não menos verdade é, como se vê, para a Tunísia, Egipto, Líbia, Zimbabué, Guiné-Equatorial entre muitos, muitos, outros.
Depois da hecatombe eleitoral, provocada também pela ingenuidade da UNITA acreditar que Angola caminharia para a democracia, o Galo Negro corre o sério risco de não mais passar de uma recordação.
Embora de vez em quando apareçam alguns bons exemplos, a verdade é que a UNITA não consegue parar de olhar para além do umbigo, do próprio umbigo. Mais do que assimilar a mensagem... assassina o mensageiro.
O mundo ocidental esteve, mais uma vez, de olhos fechados para o enorme exemplo que a UNITA deu. Em 2003, abriu bem os olhos porque esperava o fim do partido. Isso não aconteceu.
Agora estamos a ver que ao Ocidente basta uma UNITA com 10% dos votos para dar um ar democrático à ditadura do MPLA. Aliás, por alguma razão o Ocidente não reagiu às vigarices, às fraudes protagonizadas pelo MPLA. E não reagiu porque não lhe interessa que a democracia funcione em Angola. É sempre mais fácil negociar com as ditaduras.
Se calhar, em função do que se está a passar no norte de África, as perspectivas estão a mudar. Quem sabe se, um dia destes, também não vamos ver as ruas de Luanda cheias de gente de barriga vazia a exigir que o dono do país parta de vez.
Hoje, ainda com José Eduardo dos Santos (presidente não eleito e há 32 anos no poder) importa lembrar algumas coisas.
Jonas Malheiro Savimbi dirigiu a Resistência contra o expansionismo russo-cubano e o monopartidarismo. Mas foi uma dura batalha.
Aos 16 de Outubro de 1992, Jonas Savimbi, em nome da UNITA aceitou os resultados das eleições para evitar o impasse e o regresso à guerra. Mas como as maquinações no sentido de voltar a impor o cenário de 1975/76 tinham amadurecido, o MPLA pôs em marcha a sua estratégia de genocídio politico-tribal, massacrando dirigentes e quadros, assaltando e espoliando todo o património da UNITA.
Jonas Malheiro Savimbi tinha uma visão clara e convicta da dinâmica da sociedade e da necessidade de se ajustar a prática política a evolução inevitável da história.
Foi ele o único dirigente nacionalista angolano que circunscreveu nos ideais do seu Movimento, aquando da sua fundação em 1966, a democracia assegurada pelo voto do Povo através de vários partidos políticos. Impregnado deste valor, Jonas Savimbi, lutou com ele contra o colonialismo e o exclusivismo do sistema monopartidário.
Porque a memória dos políticos (incluindo os da UNITA) é curta, recordo que foi a 24 de Fevereiro de 2002 que alguém disse: «Sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!». Ou seja, morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados.
Esse mesmo Sekulu também dizia: «Ise okufa, etombo livala» (prefiro antes a morte, do que a escravatura ).
Apesar de tudo isso, a UNITA parece querer ser assassinado pelo elogio do que salva pelas críticas. Tem, obviamente, esse direito. Tal como tem o direito de resolver à estalada as suas diferenças. Não é um bom exemplo, mas é um espelho do que se passa. E se se olhar com atenção para esse espelho lá se verá os que trocaram a mandioca pela lagosta.
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