Luanda, melhor dizendo, o MPLA, está a concretizar perante a passividade internacional e a conivência activa de muitos cabindas a acção de aniquilamento de todos aqueles que em Cabinda (e mesmo em Angola) ousam falar (ou até pensar) em auto-determinação ou independência.
Sucedem-se as prisões de generais da FLEC na República do Congo, continuam as ameaças físicas, psicológicas e económicas contra todos os que, por pensarem de forma diferente do regime angolano, são culpados até prova em contrário. E nem Portugal escapa ao domínio intimidatório dos lacaios do regime de José Eduardo dos Santos.
O regime angolano usa assim todos os meios e estratégias em que é mestre, para aniquilar, física e psicologicamente, todos os que entende serem seus inimigos.
E linha de pensamento ditatorial do regime até é previsível. Quem não é a favor é contra. E se assim é, ao contrário das mais elementares regras de um Estado de Direito (coisa que Angola está longe de ser), até prova em contrário todos são culpados. O resto são cantigas para embalar os tolos.
A purga, limpeza ou seja lá o que for que o regime angolano lhe chama, está em avançado estado de realização, não se sabendo inclusive se as principais figuras de Cabinda não vão um dias destes chocar contra uma bala ou ser suicidados.
Um dia destes Angola irá anunciar que algumas dessas figuras morreram quando estavam quase a saber viver viver sem comer, sem dormir, sem assistência médica, sem dignidade. E, é claro, nesses casos a culpa só poderá ser dos verdadeiros cabindas que, mais uma vez, só se põem de joelhos perante o verdadeiro Deus e não, como é desejo do regime, perante o deus terreno que dá pelo nome de José Eduardo dos Santos.
O Governo do MPLA terá, aliás, obtido a anuência dos países da região, nomeadamente da República Democrática do Congo, para esquecer as fronteiras e levar a operação de limpeza até onde for necessário.
Acresce que Luanda tem igualmente a garantia de Lisboa de que Portugal não vai imiscuir-se na questão de Cabinda, “até porque o próprio presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirma que Angola vai de Cabinda ao Cunene”.
Assim sendo, e enquanto tenta “dar a volta” (sinónimo de comprar) a organizações internacionais dos direitos humanos, casos da Amnistia Internacional e da Human Rigths Watch, vai garantindo que nenhum país se manifestará oficialmente contra as violações dos direitos humanos e contra a forma execrável como trata os delitos de opinião que, esses sim, são os únicos “crimes” cometidos.
Paralelamente, enquanto aposta na eliminação da memória do Povo de Cabinda, o MPLA continua a lavar o cérebro, ou a reeducar, o jovens cabindas. Aliás, o Comité Municipal de Cabinda da JMPLA prevê o ingresso de 14.500 novos membros até Fevereiro de 2012.
Numa prova do que se pode chamar “democracia made in MPLA”, o secretário do Departamento de Informação e Propaganda (DIP) do Comité Provincial de Cabinda do MPLA, José Daniel Pemo, até teve a lata de pedir o engajamento da juventude nos programas do governo da luta contra a fome e a pobreza, o combate a práticas negativas, visando o resgate dos valores cívicos e morais na sociedade.
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