A lista das cidades mais caras do mundo é liderada por Luanda. Para além de ser o burgo com mais corruptos por metro quadrado, a capital do reino de José Eduardo dos Santos entra na rota de Angela Merkel.
Luanda supera nos custos Tóquio, no Japão, N'Djamena, no Chade, Moscovo, na Rússia, Genebra, na Suíça, Osaka, no Japão, Zurique, na Suíça, Singapura, Hong Kong, na China, e São Paulo, no Brasil. Nada que assuste os alemães, também eles donos da Europa.
Indiferente a estas realidades, a chanceler alemã, Angela Merkel, quer estar de bem com o dono de Angola, pouco se importando que José Eduardo dos Santos esteja no poder há 32 anos sem nunca ter sido eleito, ou que 70 por cento da população (sobre)viva na miséria.
As trocas comerciais entre os dois países situaram-se, em 2010, em 491 milhões de euros, quando em 2008 eram de 852,6 milhões.
95 por cento das exportações angolanas para a Alemanha foram de petróleo e gás, enquanto Angola importou máquinas (46,1 por cento), ferro (11,8 por cento) e alimentos (8,5 por cento).
Ora, se de um lado da balança estão os interesses económicos e do outro os direitos humanos, Angela Merkel não tem dúvidas em escolher. Desde logo porque a Alemanha está-se nas tintas para os angolanos. O que quer, como outros, é aumentar os negócios.
Também a democracia não é chamada para as negociações. Merkel sabe bem que é mais fácil negociar com um ditador e corromper a sua seita do que, de facto, ter relações com um regime democrático. Portanto… siga a marcha.
Quando, em Junho de 2010, foi inaugurada a Delegação da Economia Alemã em Luanda, o delegado Ricardo Gerigk disse que a corrupção era um grande problema para os empresários alemães.
Nada, contudo, que o tempo e a realidade não ajudassem a ultrapassar. Aliás, nesta matéria, há uma regra de ouro: direitos humanos, direitos humanos, negócios à parte.
Ricardo Gerigk, se bem se recordam, comentou a questão da corrupção dizendo que “a tradição, que inclusive vem dos colonizadores, era que se compravam determinadas facilidades."
Ora aí está. Nesta, como em muitas outras matérias, os angolanos foram bons alunos dos professores portugueses. É claro que, com a evolução natural, até os conseguiram ultrapassar a ponto de hoje serem também donos de grande parte do reino lusitano a norte de Marrocos.
Ricardo Gerigk, tal como certamente Angela Merkel, diz que a corrupção tem de ser combatida, mas acrescenta que “isso leva muito tempo”. E leva mesmo. E como se admite que algumas alterações levem mais de 50 anos a dar os primeiros frutos, nada como aproveitar a onda actual e entrar na dança.
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