segunda-feira, julho 25, 2011

Europa e Portugal dão cobertura aos crimes que Angola perpetua na colónia de Cabinda

Uma delegação da Comissão Europeia encontra-se na colónia angolana de Cabinda irá, segundo o programa conhecido, visitar as obras sociais em curso.

Trata-se, embora numa versão mais subalterna, da mesma  Comissão Europeia que considera que o sistema judicial de Angola é uma "fraqueza" do país e que resulta na violação de direitos humanos.

Este veredicto consta, aliás, de uma resposta a uma questão da eurodeputada socialista Ana Gomes, a propósito da situação na colónia angolana de Cabinda.

Bruxelas sustenta que o sistema judicial angolano "é actualmente uma das principais fraquezas levando a abusos dos direitos humanos" e, por isso, Bruxelas está a direccionar para esse eixo "projectos e programas financiados tanto pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento como por outras linhas orçamentais", segundo numa nota de imprensa (Março de 2010) da própria eurodeputada Ana Gomes.

O executivo comunitário respondia assim a uma interpelação escrita da eurodeputada, na sequência da detenção de activistas políticos e de direitos humanos na colónia angolana de Cabinda depois do ataque à coluna militar de Angola que prestava segurança à selecção de futebol do Togo, a 8 de Janeiro de 2010.

Luanda, melhor dizendo, o MPLA, continua a concretizar perante a passividade internacional a acção de aniquilamento de todos aqueles que em Cabinda (e mesmo em Angola e até noutros países) ousam falar (ou até pensar) em auto-determinação ou independência.

O regime angolano usa todos os meios e estratégias em que é mestre para aniquilar, física e psicologicamente, todos os que entende serem seus inimigos. A linha de pensamento ditatorial do regime até é previsível. Quem não é a favor é contra. E se assim é, ao contrário das mais elementares regras de um Estado de Direito (coisa que Angola está longe de ser), até prova em contrário todos são culpados.

Socorrendo-se de alguns conselheiros norte-coreanos, mas não só já que cubanos e até mesmo portugueses estão a trabalhar no caso, Luanda continua a dizer que tem provas de que muita gente defende a causa de Cabinda, violando assim as leis angolanas.

De facto, não lhe devem faltar provas, mesmo considerando que está a ser bem sucedida na compra dos que defendiam a causa de Cabinda, começando pelos próprios cabindas.

E matéria de provas, tanto aqui no Alto Hama como no livro que publiquei sobre Cabinda, não falta matéria para o regime angolano defender a tese de que há (eu sei que são cada vez menos) alguns que continuam a achar que Cabinda é uma colónia de Angola.

A purga, limpeza ou seja lá o que for que o regime angolano lhe chama, está em avançado estado de realização, não se sabendo inclusive se o processo não passará por ensinar os cabindas a viver sem comer, mesmo nas barbas da Comissão Europeia.

Aliás, como aconteceu em relação à UNITA, um dia destes Angola irá anunciar que alguns dos cabindas morreram quando estavam quase a saber viver sem comer, sem dormir, sem assistência médica, sem dignidade. E, é claro, nesses casos a culpa só poderá ser de alguns cabindas que, mais uma vez, só se põem de joelhos perante o verdadeiro Deus e não, como é desejo do regime, perante o deus terreno que dá pelo nome de José Eduardo dos Santos.

O Governo do MPLA terá, aliás, obtido a anuência dos países da região, nomeadamente da República Democrática do Congo, para esquecer as fronteiras e levar a operação de limpeza até onde for necessário, situação que fez desaparecer do mapa tanto cidadãos cabindas como congoleses.

Teve igual anuência de países europeus para apertar o cerco junto dos que, em Portugal inclusive, continuam a acreditar que a força da razão acabará por vencer a razão da força.
Acresce que Luanda tem igualmente a garantia de Lisboa de que Portugal não vai imiscuir-se na questão de Cabinda, “até porque o próprio presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, afirma que Angola vai de Cabinda ao Cunene”.

Assim sendo, e enquanto tenta “dar a volta” (sinónimo de comprar) a organizações internacionais dos direitos humanos, casos da Amnistia Internacional e da Human Rigths Watch, vai garantindo que nenhum país se manifesta oficialmente contra as violações dos direitos humanos e contra a forma execrável como trata os delitos de opinião que, esses sim, são os únicos “crimes” cometidos.

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