A metodologia que Isaías Samakuva seguiu para ganhar a liderança da UNITA e que, mais uma vez, o vai consagrar como líder do Galo Negro no próximo congresso (no final deste ano ou no princípio de 2012) deve servir de exemplo porque corresponde ao que o MPLA vai fazer para vencer as eleições em Angola.
Ou seja, tal como Samakuva controla o aparelho do partido, o MPLA controla o aparelho do Estado e – tal como na UNITA – os votantes preferem um prato cheio de fuba à promessa de uma panela a abarrotar de carne.
A estratégia do partido que comanda Angola desde 1975 continua a ser a de fingir, a de dar a ideia para o exterior que a democracia existe no país. Mas isso é falso. A democracia não é uma coisa abstracta. Tem parâmetros que a definem. E esses não existem.
Alguém vê os tribunais a julgar? Não. Alguém vê o Parlamento a legislar? Não. Alguém vê o Governo a governar? Não. Quem manda, quem se substitui aos tribunais, à Assembleia Nacional e ao Governo é uma “entidade” não eleita e há 32 anos no poder que dá pelo nome de José Eduardo dos Santos.
A UNITA sabe o que é a democracia. Samakuva sabe que essa é a única via que tem para mostrar ao mundo (se é que há alguém interessado em saber a verdade) que as democracias ocidentais estão a sustentar e a sustentar-se num regime corrupto e num partido que quer perpetuar-se no poder.
Quando houver eleições, provavelmente em 2012, Samakuva deverá ter ao seu lado os melhores “generais”, os melhores quadros. Faltará saber se formarão uma equipa ou, apenas, um conjunto de jogadores, ou uns tantos amigos e apoiantes. Embora saiba que é preferível ser salvo pela crítica do que assassinado pelo elogio, a UNITA continua a sofrer de amnésia e a deixar alguns dos seus melhores zarparem para o MPLA.
Num estratégia respeitável mas discutível, Samakuva deu poderes e influência a membros do partido que, para além do umbigo, do próprio umbigo, passaram os últimos anos a bloquear iniciativas válidas só porque partiam de outras pessoas. Ou seja, olharam para o mensageiro e não para a mensagem.
Para já, o que não é pouco, a UNITA mostrou que é possível a democracia funcionar em Angola e, porque não dizê-lo?, em África. Mas será isso suficiente? Não. Não é.
O mundo ocidental está, mais uma vez, de olhos fechados para o enorme exemplo que a UNITA dá, esperando que ela meta alguma argolada que justifique a sua total aniquilação tal como é desejo histórico do MPLA.
Esse desejo do MPLA e da comunidade internacional teve o primeiro episódio em 2003 quando todos esperavam, para além de desejarem, o fim da UNITA. Isso não aconteceu. Agora vamos ver. O Ocidente vai, é claro, querer continuar a ter boas relações que um regime corrupto e ditatorial. E para isso tem de ser o MPLA a estar, a continuar, no poleiro.
Como dizia um velho amigo (Aurélio Vida de Deus), hoje provavelmente rendido aos que estão sempre de acordo com ele, o Ocidente “não vai reagir porque não interessa que a Democracia funcione em Angola, assim como não interessa que haja eleições, ao fim e ao cabo Angola está em Paz e nenhum governo “democrático” exige que haja eleições neste País”.
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