Os países do Norte de África eram na gestão portuguesa anterior uma prioridade política e económica. Foi isso mesmo que, em 22 de Março de 2010 disse foi José Sócrates num discurso na capital da Tunísia. E agora?
José Sócrates, que discursava então na cerimónia de encerramento do Fórum Económico Luso-Tunisino, esforçou-se por fazer passar a ideia de que a política externa portuguesa e a diplomacia económica têm na Tunísia, em Marrocos, na Líbia e na Argélia uma nova prioridade.
Hoje ficou a saber-se, revela o Público, que os ex-ministros das Finanças Jorge Braga de Macedo, do PSD, Luís Campos e Cunha, no primeiro Governo do PS de José Sócrates, António Monteiro, Nuno Fernandez Thomaz, Carlos Moreira da Silva e Francisco Zea Mantero “vão fazer parte do grupo de trabalho que apresentará um novo modelo de organização e articulação dos serviços do Estado para captar investimento estrangeiro e a internacionalização da economia portuguesa”.
O anterior primeiro-ministro justificou: “que fique claro a toda a opinião pública portuguesa que Portugal atribui à relação com os países do Norte de África uma prioridade política indiscutível”.
Mais tarde, Sócrates insistiu no tema, prometendo apelar aos empresários portugueses para que invistam na Tunísia, “uma economia que merece toda a confiança, com estabilidade política, com regras claras e, em particular, com um quadro regulatório que incentiva o negócio e que melhora as condições para desenvolver os negócios”.
“É altura para vos dizer que queremos transformar o Norte de África, e a Tunísia em particular, numa prioridade para a nossa economia”, acrescentou o então primeiro-ministro, reiterando a confiança do Governo português “numa economia que tem ambição e que quer ser uma economia moderna e aberta”.
Lembrando que as empresas portuguesas empregam cerca de quatro mil pessoas na Tunísia - sobretudo nas unidades locais das cimenteiras Cimpor e Secil -, Sócrates destacou a melhoria das relações diplomáticas entre Lisboa e Tunes.
Entretanto o reino lusitano a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos mudou de timoneiro. Será já altura para perguntar: E agora, senhor primeiro-ministro?
Eu sei, utilizando aliás recentes, eruditas e um dias deste filosóficas palavras de José Sócrates, que não basta ser jornalista para fazer perguntas bem educadas. Mas, já agora, era bom saber para onde o país se vai virar.
Ou será que, como o anterior, quando é confrontado com factos, o Governo vai usar o argumento típico dos fracos: Não fala da mensagem mas dos defeitos do mensageiro?
Se calhar não era má ideia ir-se sabendo se o Governo de Passos Coelho também considera, no contexto internacional, que há bons e maus tiranos, terrorismo bom e mau.
Por cá, mais do que saber o que pensa de Muammar Kadhafi, Hugo Chávez ou Ben Ali, era útil – ou não fosse o primeiro-ministro o “mais africano” dos governantes (ou o “africanista e Massamá”, como lhe chamou o deputado socialista Pita Ameixa) – saber o que pensa de José Eduardo dos Santos.
Eu sei que a altura até não é a mais propícia, desde logo porque são os súbditos de sua majestade José Eduardo dos Santos que talvez venham a comprar o BPN. Mesmo assim, se calhar o presidente (não eleito e há 32 anos no poder) de um país lusófono e que até preside à CPLP deveria merecer alguma atenção. Ou não?
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