segunda-feira, março 09, 2009

Amnistia Internacional enfia dedo na ferida
putrefacta dos direitos humanos em Angola

O registo dos Direitos Humanos de Angola suscita "profunda preocupação" à Amnistia Internacional (AI), segundo uma carta enviada à Presidência da República e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

A carta apresenta quatro questões que a AI-Portugal dirige a Aníbal Cavaco Silva e a Luís Amado no sentido que sejam abordadas junto do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a partir de terça-feira, durante a primeira visita de Estado a Portugal, desde que ascendeu sem ser por via democrática à chefia do Estado angolano em 1979.

Os quatro assuntos em causa são as "várias situações de violação dos Direitos Humanos e falta de responsabilização" da polícia angolana, os "desalojamentos forçados", o julgamento "injusto" do jornalista Fernando Lelo, referido pela organização como "prisioneiro de consciência" e os "constrangimentos" às organizações da sociedade civil.

A Amnistia Internacional aproveitou ainda a carta para voltar a apelar a José Eduardo dos Santos que "diligencie no sentido de ser facilitada a concessão de vistos de entrada ao 'staff' do Secretariado Internacional" da organização para se deslocarem a Angola e "discutirem com as Autoridades relevantes assuntos relacionados com os Direitos Humanos".

"Em Outubro de 2008, a organização solicitou à Embaixada de Angola em Londres vistos para dois membros da Amnistia visitarem o país em Novembro de 2008. A Embaixada foi sempre afirmando que não tinha recebido ainda autorização de Luanda para emitir os vistos. Desde então, a AI tem insistido junto da Embaixada angolana, da qual tem obtido sempre aquela resposta", lê-se no documento.

Não percebo as razões que levam a AI a, numa altura em que os diferentes poderes portugueses (Presidência da República e Governo) e o único angolano (José Eduardo dos Santos) vivem uma paixão idílica, teimar em dizer as verdades que são uma espinha na garganta de Lisboa e Luanda.

Numa altura destas, não há razões para dizer – embora seja verdade – que a maioria dos angolanos é gerada com fome, nasce com fome e morre, pouco depois, com fome.

A AI está, desta forma, a dar um sério contributo para que o presidente de Angola e do partido que está no poder desde 1975, o MPLA, resolvam não comprar Portugal. E já viram que se não for Luanda a comprar, ninguém mais o quer?

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