quinta-feira, março 26, 2009

Subsídio de desemprego para empresários?
- Acho bem, desde que a Polícia seja ouvida!

O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) de Portugal , Armindo Monteiro, disse hoje à agência Lusa que vai propor amanhã ao Governo e partidos com assento parlamentar a atribuição de subsídio de desemprego a gerentes e empresários.

"É uma discriminação negativa. É a única parte da população portuguesa que não tem subsídio de desemprego", salientou Armindo Monteiro, para quem esta lacuna "é uma injustiça muito grande".

De facto. Se os empregados têm esse direito (não sei em que patamar a ANJE coloca os gerentes), é justo que também os empresários o tenham. Mas, por uma questão de moralidade, também seria bom que quando há lucros estes não ficassem apenas do lado dos empresários. Ou não será?

Se calhar não é. Quer parecer-me que a ANJE quer que os empresários tenham os mesmos direitos dos restantes trabalhadores quando as coisas correm mal. Quando correm bem, são uma casta à parte. A isto chama-se desonestidade intelectual ou oportunismo.

O presidente da ANJE realçou que os empresários, quando têm de fechar a empresa, "não só não têm protecção no desemprego, como têm uma série de dívidas às costas".

É verdade. E o que lhes acontece quando levam as empresas à falência mas ficam com as suas contas bem recheadas? E quando fecham a empresa no Nº 2 da rua xis e abrem uma outra no Nº 3 da rua xis? E quando fecham a empresa e logo a seguir compram uns Ferraris? E quando levam para parte supostamente incerta os equipamentos das empresas que vão fechar? E quando... e quando...

Segundo Armindo Monteiro, os gerentes das empresas, mesmo que não sejam proprietários ou sócios, não têm direito a subsídio de desemprego, o que "é absolutamente discriminatório".

Claro que é discriminatório. Tão discriminatório como ter prémios suplementares de gestão, mesmo que a empresa vá à falência.

Armindo Monteiro defendeu, e bem, que a atribuição do subsídio de desemprego a sócios-gerentes seja feita em estreita articulação com o fisco e a inspecção económica, para evitar eventuais abusos ou fraudes. Em alguns casos se calhar seria oportuno incluir também a polícia.

3 comentários:

Hugo Pinto disse...

Caro Sr.

É de certa forma preocupante que se continue a olhar os empresários como seres diabólicos, que dançam a sabor do lucro pessoal e benefícios.

A medida proposta é obviamente dirigida aos micro e pequenos empresários, muitos dos quais, tal como eu, fazem do seu negócio a sua vida, sem o pedido de apoios ou subsidios de qualquer ordem, criando por sua própria conta e risco, milhares de postos de trabalho.

É preciso antes de mais parar de nos confundir com os 'empresários subsidiados', parasitas e bloqueadores de progresso com as suas práticas abusivas e fomentadas por sucessivos (des)governos.

Existe uma enorme massa de individuos, verdadeiramente empreendedores, que sujeitam diariamente as suas vidas e dos seus familiares ao fracasso.
Constroem empresas a partir do seu trabalho, cada novo funcionário entra como membro de uma familia que procura ter sucesso a vender uma ideia, um serviço, um produto...
Estes individuos, que eu chamo de verdadeiros empresários, têm como única fonte de rendimento o resultado das suas vendas, que após ser delapidado por um sem número de impostos, obrigações, taxas e afins, serve para pagar ordenados e obrigações pessoais.

Ora nos últimos anos viciaram-nos de tal forma o mercado, com 'empresários parasitas', fortemente subsidiados que conseguem obviamente colocar bens e serviços a um valor inferior ao praticado por quem não tem nenhuma dessas 'benesses'. O seu rendimento é proveniente do subsidio, não do resultado das vendas e assim é fácil vender até abaixo do preço de custo ou a preços exorbitantes pois têm 'portas abertas' em organismos e entidades estatais...

É esta corja, constituida na sua grande maioria por amigos intimos de ou até mesmo funcionários públicos,com licenças sem vencimento e poleiro para onde voltar caso a coisa dê para o torto, que vocês devem caluniar, insultar, desconfiar....

Porque os verdadeiros empresários não fogem ao fisco, apenas não têm como o pagar... Preferem pagar com o pouco que recebem, do mercado viciado e manipulado por 'empresários parasitas subsidiados', aos seus colaboradores. Diversas vezes tive que optar, tal como milhares de colegas meus, entre pagar um ordenado e um iva de facturas que não recebi e nem sei se receberei. Diversas vezes tive de contrair créditos pessoais para pagar os impostos que me exigiam injustamente, pois a realidade é bem diferente daquela que o português que nunca trabalhou por conta própria imagina. O estado rouba, penhora, assalta verdadeiramente quem trabalha e produz para depois converter em subsidios e dar aqueles que nada fazem a não ser destruir.

São esses que fecham empresas e se estão maribando para funcionários, são esses que vocês devem perseguir policialmente.

Mas por favor, não lhes chamem empresários, porque nos revolta ser colocados no mesmo saco.

Cumprimentos

Hugo Pinto disse...

Apenas mais uma nota sem relação directa com a anterior:

Tenho seguido todo o desenrolar da situação económica e social do país e internacional...
Tenho seguido os blogs de Frederico Duarte de Carvalho, de Carlos Narciso, do projecto Telecinco...
Tenho seguido as intervenções brilhantemente caústicas de Medina Carreira relativamente a tudo isto...
Tenho seguido os atropelos e perseguição à liberdade de expressão neste agora miserável pais...
Tenho seguido com sentida preocupação a vossa angústia, em querer desempenhar a vossa profissão e ser impedido...
Mas também tenho notado que não existe uma tentativa de unir as vozes dissonantes num movimento único, objectivo, eficaz...
Sou empresário de artes gráficas, sem capacidade de expressão digna de nota, tal como eu existem milhares... Vocês têm a informação, nós parte dos meios necessários, outros terão as restantes partes de um todo que é urgente unir...
Porque até aqui apenas têm tentado combater o problema utilizando os meios que são dados pelo próprio sistema, sistema esse repleto de vicios e leis feitas para proteger o problema. Não será altura de procurar alternativas?

Anónimo disse...

Qual é a contribuição dos empresários para terem direito ao "subsídio". Os trabalhadores pagam uma percentagem sobre o salário; nos patrões será uma percentagem sobre os lucros? e para terem direito ao "subsídio" quanto tempo têm que descontar? vão recebê-lo durante quanto tempo? quem lhes passa a "carta de despedimento"? como se determina se a falência foi por justa ou injusta causa? Se for por negligência? e o património acumulado durante os anos de sucesso? e a idade? Há tantas dúvidas!

Zé da Nurra o Alentejano