segunda-feira, março 09, 2009

Relembrando “O Comércio do Porto”

Até à próxima!? Espero que a próxima seja uma manhã destas. Fico, no entanto, com a certeza de que os jornais que queiram garantir a sobrevivência não devem ser feitos por Jornalistas mas, vejam-se os exemplos que nos rodeiam, por produtores de conteúdos.

Os Jornalistas pensam, os produtores de conteúdos, não. E no comércio de jornalismo só interessam os que não pensam. Os que entendem que quem não vive para servir não serve para viver não têm lugar num negócio em que, de facto, vale tudo.

Em Julho de 2005 li o editorial do Rogério Gomes que dia "O Comércio do Porto não acaba em definitivo". Mas acabou. Era previsível. É difícil sobreviver quando se luta num meio, jornalístico, empresarial e político, em que prolifera o primado da subserviência em vez do primado da competência.

"Confio que o mais antigo jornal do Continente ressurgirá em breve e continuará o seu papel insubstituível de voz da Região Norte", escreveu então Rogério Gomes, contrariando na altura “A Capital” que assumia ser o “Fim”.

É "mais um duro golpe na perda de influência do Porto no panorama nacional da comunicação social e até mesmo da vida económica", sublinhou nesse tempo o líder do PS/Porto e candidato à Câmara local, Francisco Assis.

Teve razão. Mas não basta tê-la. O que fez o PS, que por sinal estava, como ainda está, no Governo? Nesta matéria, como em tantas outras, limitou-se a valorizar a subserviência em detrimento da competência.

Por sua vez, a Direcção da Organização Regional do Porto do PCP (DORP) manifestou "total disponibilidade para participar num movimento cívico em defesa desta publicação, contrariando a sua subtracção à vida social e cultural do Porto".

Pois. Mas não bastou. Como continua a não bastar. Entre a disponibilidade e a acção vai uma grande distância.

Por seu lado, o deputado do Bloco de Esquerda João Teixeira Lopes, agora candidato à Câmara do Porto, chamou à empresa proprietária dos jornais, a Prensa Ibérica, "investidores-predadores".

Esqueceu-se de, na altura, dizer que a culpa é de quem forneceu a corda que agora a Prensa Ibérica utiliza para enforcar os trabalhadores. E quem a forneceu fomos todos nós.

... e pelos vistos ainda há, para já, 119 metros de corda, sem que ninguém faça nada para salvar os enforcados.

Também o presidente Distrital do PSD/Porto, Marco António Costa, emitiu em Julho de 2005 (ao contrário do que agora fez) um comunicado manifestando "preocupação" pela suspensão do jornal que - disse - "tem desempenhado um papel importante na sociedade civil nortenha".

Pois. E o que fez o PSD para evitar a situação?

Ainda na área social-democrata, o agora mudo e quedo presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, apelou à Junta Metropolitana do Porto para estudar uma solução que garanta a sobrevivência do matutino “O Comércio do Porto”. Talvez seja uma solução.

Na altura escrevi: Falta é saber se amanhã o autarca de Gaia ainda se lembra do que disse hoje. Esqueceu-se no próprio dia.

Sem comentários: