domingo, março 08, 2009

Mãos invisíveis procuram a divisão
- As armas, essas são bem visíveis...

Militares guineenses junto ao caixão do general Tagmé Na Waié
(foto: Luc Gnago/Reuters)

“Mãos invisíveis procuram dividir-nos”, disse o ministro guineense da Defesa, Artur Silva, nas exéquias, esta manhã, do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Batista Tagmé Na Waié, morto há uma semana.

No elogio fúnebre, Artur Silva referiu-se ao assassínio como uma “morte odiosa” e um “golpe terrível nas Forças Armadas, perpetrado por mãos invisíveis numa tentativa de “decapitação do Estado” da Guiné-Bissau.

Na Waié foi morto no dia 1 num atentado à bomba, horas antes do Presidente João Bernardo “Nino” Vieira, ser também assassinado, este em circunstâncias que começam a conhecer-se: à catanada e a seguir a tiro.

Uma das várias explicação para o que se passou, e que todos temem volte a passar-se um dias deste, tem sido o envolvimento de interesses obscuros no quadro do narcotráfico. A Guiné-Bissau pela sua fragilidade institucional tem-se transformado nos últimos anos como uma placa giratória de distribuição de droga.

O ministro guineense da Defesa reiterou depois a sua “confiança nas instituições”, referindo-se à Constituição, cujo cumprimento está a ser exigido por parte da comunidade internacional como forma de evitar que a crise desencadeada com as duas mortes alastre.

Isto é, como por aqui se diz há muito tempo, a comunidade internacional confunde criminosamente o respeito por uma Constituição feita à medida do Ocidente e não do país, como condição “sine qua non” para a estabilidade.

O ministro disse também que as autoridades estão “determinadas” em apanhar sem fadiga os autores dos homicídios para os fazer julgar e castigar. E que de uma maneira geral vão “combater” os “grupos perturbadores, o narcotráfico e o banditismo”, e, mais ainda, o que chamou a “tendência para o tribalismo”.

O ministro não poderia dizer outra coisa. Aliás, este tipo de discurso serviu para os casos passados como servirá, infelizmente, para os que vão seguir-se.

Participaram na cerimónia fúnebre entre outros o Presidente da República interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

O ministro da Administração Territorial, Baciro Dabo, próximo do presidente assassinado, disse ontem que militares armados foram a sua casa ao princípio da tarde para deter um dos seus guarda-costas, mas que não o encontraram.

A busca terá sido ordenada pelo comité militar que chefia transitoriamente as Forças Armadas e realizada por um grupo de quinze homens. O homem procurado foi identificado como Bacar Sano.

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