O Presidente da República de Timor-Leste acusou hoje as Nações Unidas de “mentir” num relatório confidencial a que a Agência Lusa teve acesso e que refuta declarações do chefe de Estado sobre o 11 de Fevereiro. É assim mesmo, senhor Presidente. Eles andam a brincar consigo? Eles não sabem que, como diz Robert Mugabe, acima de si só Deus?
O relatório confidencial sobre a resposta das forças internacionais aos ataques de Fevereiro em Díli refuta várias acusações feitas pelo próprio José Ramos-Horta e por assessores e familiares seus. Uma das conclusões do painel de investigadores da ONU é que a captura dos criminosos não foi uma prioridade das autoridades timorenses após o duplo ataque contra o Presidente e o primeiro-ministro.
“É uma mentira”, declarou hoje José Ramos-Horta à Lusa. Claro que é. Não se sabia que era mentira, mas se é você a dizê-lo, não há que ter dúvidas.
Na sequência da divulgação do relatório, o Presidente da República telefonou sexta-feira de manhã, “furioso”, ao representante-especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste, Atul Khare, afirmaram fontes da Presidência da República e da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT).
“Estou desapontado também porque o relatório]revela a tendência de funcionários da ONU de esquivarem-se das suas responsabilidades e de nunca aceitarem que agiram incorrectamente”, acusou o Presidente da República. “É uma mentira dizer que a liderança timorense é que decidiu que perseguir os criminosos não era prioridade”, acusou José Ramos-Horta.
“Quando há um incidente contra o chefe de Estado, as forças de segurança desdobram-se em acções. Mesmo que fosse verdade, que o Governo dissesse que a prioridade não é essa, uma força de segurança não concentra todos os meios numa operação”, acrescentou José Ramos-Horta. José Ramos-Horta mantém a acusação de que as forças internacionais “não fizeram tudo o que podia ser feito” para perseguir o grupo que incluía o ex-polícia Amaro da Costa, ou Kaer Susar.
“Custava-lhes subir aqui as montanhas? O senhor Susar e os seus homens estavam ali em cima, durante horas. Só saíram daqui às 16:00. E eles estavam aflitíssimos com medo que helicópteros viessem”, declarou José Ramos-Horta.
Pois. Ramos-Horta ao seu melhor numa crítica que fez tremer a ONU e que pode levar o secretário-geral, Ban Ki-moon, a pedir a demissão. É que, pensa o presidente timorense, Ramos-Horta há só um, o José e mais nenhum.
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