O líder do Bloco de Esquerda (BE) protagonizou hoje um momento tenso do debate do estado da Nação, com José Sócrates a aconselhar “tento na língua” a Francisco Louçã por insinuar que o Governo “anda de mão dada” com ladrões. Isso não se faz. Insinuar uma coisa dessas, francamente…
A polémica começou por Francisco Louçã criticar a taxa Robin dos Bosques sobre os lucros especulativos de 25 por cento, criticando que as petrolíferas fiquem com três quatros “da especulação”. Para o deputado e coordenador da comissão permanente do BE, a história do Robin dos Bosques, com o Governo de Sócrates, sofreu uma “operação de mágica” e explicou porquê.
“É que o Robin dos Bosques não se juntava com os ladrões dos castelos: 100 milhões para mim, 300 milhões para ti. O senhor quer cobrar um quarto do lucro especulativo”, reclamou. “Pagando um quarto do lucro especulativo, a GALP, a Repsol, a BP podem ficar com três quartos. É inaceitável”, criticou ainda Louçã.
O deputado bloquista atacou alguns grandes negócios – parcerias publico-privadas nas barragens - com a “Iberdrola de Joaquim Pina Moura” e “a EDP de António Mexia” que vão ficar com concessões.
Na resposta, e durante vários minutos, o primeiro-ministro, José Sócrates, criticou Louçã pela forma como se referiu a pessoas como Pina Moura. “O senhor deputado acha que pode insultar toda a gente? Acha que lhe fica bem?”, questionou, afirmando que “não pode chamar ladrões às pessoas”.
“O senhor tenha contenção, tenha tento na língua”, aconselhou o primeiro-ministro. “Para ganhar um debate não precisa de insultos”, concluiu. Na resposta, Louçã disse que jamais irá ficar por dizer o que pensa, no Parlamento, e prometeu defender a liberdade de expressão de José Sócrates “se alguém” vier a aconselhar “tento na língua” ao primeiro-ministro.
“O insulto é a arma dos fracos”, respondeu ainda o chefe do Governo.
José Sócrates corrigiu Louçã, dizendo que, quanto às barragens, não “parcerias publico-privadas”, mas que o Estado lançou um concurso para a utilização do domínio hídrico. Na sua intervenção, o deputado bloquista lembrou José Sócrates nunca se referiu ao desemprego, e mostrou um gráfico para demonstrar que o desemprego é hoje maior (434 mil desempregados) do que em 2005, quando chegou ao Governo (412 mil).
Com o Governo do PS, exemplificou, existem hoje mais 200 mil pessoas com trabalho precário, por exemplo, acusando os socialistas de fazerem “o maior ataque de sempre aos direitos dos trabalhadores” com a alteração do Código do Trabalho.
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