O jornalista moçambicano Fernando Lima considerou hoje a sua escolha como melhor jornalista africano de língua portuguesa nos Prémios de Jornalismo da CNN-Multichoice "uma prova de que é possível escrever com liberdade em Moçambique", apesar de "algumas vicissitudes".
A vitória de Fernando Lima, jornalista do grupo moçambicano MediaCoop, proprietária do semanário Savana e do diário MediaFax, distribuído por Internet, foi anunciada no Gana, numa cerimónia que também consagrou o melhor em todas as categorias um jornalista zimbabueano, que concorreu com um trabalho sobre o HIV/SIDA.
Fernando Lima foi seleccionado para a final com um conjunto de trabalhos publicados no jornal "Savana", semanário de referência em Moçambique, realizados durante as cheias no vale do Zambeze, em 2007, com o fotógrafo moçambicano Naíta Ussene.
Comentando à Lusa a sua escolha, no que foi a 14ª edição dos Prémios de Jornalismo Africano da CNN-Multichoice, o jornalista qualificou-a "importante para a área da imprensa independente em Moçambique".
"Demonstra que (Moçambique) está no caminho certo", apesar das enormes dificuldades com que o sector da comunicação social se debate no país, sublinhou.
"O facto de ter ganho através de um trabalho que elaborei com independência, objectividade e imparcialidade significa que temos mais liberdade de imprensa em Moçambique do que em muitos países africanos, apesar de enfrentarmos também muitas dificuldades", assinalou Lima, que concorreu com as reportagens "Quando o rio se zangou" e "No epicentro da crise".
As peças "mostram a cara, os sentimentos e a humanização" das vítimas das cheias no vale do Zambeze, centro de Moçambique, normalmente retratadas em "número de mortos, feridos e verbas necessárias para o seu socorro".
Com os dois trabalhos, Fernando Lima diz que quis também "quebrar o estereótipo" com que são avaliadas as entidades nacionais que prestam a assistência às vítimas das calamidades naturais, que são consideradas "ineptas, incapazes e corruptas".
Fernando Lima é o terceiro jornalista moçambicano a ser considerado o melhor da África lusófona, depois de Refinaldo Chilengue, em 2006, e Arão Valói, em 2007.
A edição deste ano do prémio contou com 1.912 concorrentes de 44 países, tendo o veterano jornalista moçambicano sido integrado num lote de 23 nomeados que disputaram prémios em 18 categorias diferentes (Turismo, Artes e Cultura, Economia e Negócios, Ambiente, Imprensa Livre, Saúde e Questões Médicas, HIV/SIDA em África, Melhor Artigo Publicado em Revista, entre outros).
O Prémio Jornalista Africano do Ano da CNN foi fundado em 1995 por Edward Boateng (antigo Director Regional Africano da Turner Broadcasting System Inc., empresa-mãe da CNN) e por Mohamed Amin, já falecido, com vista a reconhecer e incentivar a excelência no jornalismo em toda a África.
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