A UNITA anunciou hoje no Parlamento angolano que vai avançar com uma moção de censura ao Governo do MPLA pelo seu "mau desempenho" e porque o povo e o presidente da República "censuraram" o Executivo.
Traduzindo, será chover no molhado. De qualquer maneira, mesmo sabendo que o pão dos pobres cai sempre com a manteiga (é um exagero porque eles não têm sequer pão, quanto mais manteiga) virada para o chão, vale a pena ir dizendo as verdades.
A presidente da bancada parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolano, Alda Sachiango, aproveitou a sua intervenção no arranque da discussão do Plano Nacional 2010/2011 e do Orçamento Geral do (mau) Estado para divulgar que já deu entrada oficial da moção de censura e para pedir "a todas as bancadas" que "sigam o exemplo" do povo e do próprio presidente da República.
A deputada da UNITA justificou o pedido afirmando que, na sua última declaração pública, José Eduardo dos Santos "censurou o Governo" que o próprio dirige, ao afirmar que "pessoas irresponsáveis e de má fé" com cargos de responsabilidade de gestão pública "aproveitaram a tímida fiscalização do MPLA" ao Executivo para "o esbanjamento de recursos e para a prática de actos de gestão ilícitos e mesmo danosos ou fraudulentos".
Pois. Como se o chefe da pandilha não tivesse culpa e não fosse ele o principal mentor desse esbanjamento que permite que poucos tenham milhões e milhões tenham pouco, ou nada.
Alda Sachiango defendeu ainda que também o povo angolano já censurou o Governo por não ter cumprido com as expectativas criadas nas eleições legislativas de Setembro de 2008.
O povo bem vai criticando, mas com cuidado. Mesmo de barriga vazia sabe quem manda e teme ir apanhar café para as fazendas dos donos do país, os senhores do MPLA.
O MPLA conseguiu, nas eleições de 2008, uma maioria qualificada de 191 deputados em 220 eleitos, enquanto a UNITA se ficou pelos 16 e os restantes partidos da oposição, PRS, FNLA e Nova Democracia, apenas 13, cenário que inviabiliza a censura do partido do Galo Negro ao Executivo liderado por José Eduardo dos Santos.
Na resposta, Norberto dos Santos "Kwata Kanawa", vice-presidente do grupo parlamentar do MPLA e porta-voz do partido, criticou violentamente a UNITA por não reconhecer que sete anos (a guerra terminou em 2002) "em lado nenhum do mundo é tempo suficiente para resolver os problemas todos".
Como já aqui foi escrito (MPLA precisa de mais 30 anos no poder), os donos de Angola precisam de muito mais tempo para solidificaram o roubo e reduzirem o povo aos angolanos de primeira, os do MPLA.
"Kwata Kanawa" foi ainda mais incisivo e lembrou que Angola foi destruída por 27 anos de guerra e apontou o dedo à UNITA como responsável por esta destruição, lamentando que, apesar disso, tenha hoje um discurso que ignora essa realidade, acusando o Governo de nada fazer pela recuperação do país.
Como também aqui tem sido dito, todo o mundo sabe que tudo o que de mal se passou em Angola se deveu à UNITA. Desde logo porque as balas das FALA (Galo Negro) matavem apenas civis e as das FAPLA/FAA (MPLA) só acertavam nos militares inimigos. Além disso, como também é sabido, as bombas lançadas pela Força Aérea do MPLA só atingiam alvos inimigos e nunca estruturas civis.
Aliás, se "Kwata Kanawa" pensar bem até vai descobrir que a UNITA é que é responsável pelos mais de 40.000 angolanos torturados e assassinados em todo o país depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.
Aliás, se "Kwata Kanawa" pensar bem até vai descobrir que a UNITA é também responsável pelo massacre de Luanda que visou o seu próprio aniquilamento e de cidadãos Ovimbundus e Bakongos, onde morreram 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.
Assim, angolanos são pessoas como Lúcio Lara, Iko Carreira, Costa Andrade (Ndunduma), Henriques Santos (Onanbwe), Luís dos Passos da Silva Cardoso, Ludy Kissassunda, Luís Neto (Xietu), Manuel Pacavira, Beto Van-Dunem, Beto Caputo, Carlos Jorge, Tito Peliganga, Eduardo Veloso, Tony Marta, José Eduardo dos Santos.
Não angolanos são aquela sub-espécie como Alda Sachiango, Isaías Samakuva, Alcides Sakala, Jeremias Chitunda, Adolosi Paulo Mango Alicerces, Elias Salupeto Pena, Jonas Savimbi, António Dembo ou Arlindo Pena "Ben Ben".
1 comentário:
Não é meu este pequeno poema, mas concordo completamente com o que diz:
E, enquanto tudo isto,
A que, revoltada, assisto ...
Tanta gentinha não come
E, vencida pela fome,
Acaba por sucumbir,
Sem poder fazer-se ouvir.
E nesta vida, confusa,
Há gente que se recusa
A abrir os olhos, por crer,
Que nada pode fazer.
Com mesas bem enfeitadas,
Barrigas "abarrotadas"
E um coração que não sente,
São chamadas "boa gente".
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