O discurso está sempre escrito. Só é necessário acrescentar o nome. O anterior foi o de “Nino” Vieira, seguiu-se depois o de Malam Bacai Sanhá e agora foi a vez de Armando Guebuza.
Calculo que a mensagem já enviada por Cavaco Silva ao seu homólogo moçambicano diga qualquer coisa do tipo:
"Tendo tomado conhecimento dos resultados das eleições presidenciais em Moçambique, é com satisfação que endereço a Vossa Excelência, em nome do Povo português e em meu próprio, as mais sinceras felicitações e votos de sucesso no desempenho das altas funções que, de forma tão expressiva, foi chamado a desempenhar, pelo Povo irmão de Moçambique”.
Certamente Cavaco Silva ressaltou na mensagem a Guebuza que "a forma como decorreram estas eleições constitui uma demonstração inequívoca do espírito cívico dos moçambicanos e do seu apego à democracia".
Cavaco sabe que não é bem assim. No entanto, as regras do politicamente correcto a isso obrigam. Civismo e democracia não se conjugam com a barriga vazia, mas esse é um problema dos outros... embora já existam também muitos portugueses a padecer desse mal (segundo Fernando Nobre, presidente da AMI, a taxa de pobreza em Portugal deverá rondar os 40%).
"Estou seguro de que o mandato de Vossa Excelência será pautado pela defesa do processo de reforma e consolidação das instituições de Moçambique, que conta com o firme apoio de Portugal e que constitui uma condição indispensável para assegurar o futuro de paz e de desenvolvimento económico e social a que o Povo de Moçambique tem direito", deverá ter escrito o Presidente português.
O Chefe de Estado português deverá igualmente ter sublinhado a importância que atribui "aos laços históricos de profunda amizade que unem os dois países e ao reforço continuado da cooperação entre Portugal e Moçambique, quer no plano bilateral, quer no quadro multilateral, muito em particular no âmbito da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)".
Pois. Portugal não está (ou pelo menos não parece estar) interessado em ensinar os moçambicanos a pescar, até porque pelo andar da carruagem sujeita-se a que Guebuza lhe diga que o melhor é preocupar-se com os portugueses.
"Reiterando-lhe as minhas felicitações, peço-lhe que aceite os votos que formulo pelo bem-estar pessoal de Vossa Excelência assim como pela prosperidade e progresso do Povo irmão de Moçambique", finaliza – tanto quanto calculo pelos exemplos conhecidos - o Presidente português.
É isso aí. Votos de prosperidade e progresso para um Povo irmão que continua a ser gerado com fome, a nascer com fome e a morrer pouco depois... com fome.
Além disso, no país de Cavaco Silva 20% (vinte por cento, vinte em cada cem, uma em cada cinco) de crianças estão já expostas ao risco de pobreza...
1 comentário:
Se o Dr. Fernando Nobre o diz, é porque é verdade. Ainda não percebi como é que não foi ele quem ganhou o Nobel da Paz, tem anos e anos de obra feita... bem, com Gandhi foi a mesma coisa. Foi-lhe atribuído póstumamente por S.S. Dalai Lama...
Quanto a Cavaco não passa de um impostor, como quase todos os detentores do poder... os homens bons, está visto que não chegam lá.
Este é medíocre demais, à boa maneira portuguesa... nada se pode esperar de bom e pelos vistos o Orlando já o conhece bem. É que o discurso é mesmo a cara chapada do PR! :)) mas os seus ápartes vêm mesmo a calhar. É o que merece... levar de cima p´ra baixo!
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