José António Saraiva, director do semanário português Sol, revelou, entre outros sítios, ao Correio da Manhã que o Governo o pressionou para não publicar notícias do Freeport e que depois passou aos investidores.
"Recebemos dois telefonemas, por parte de pessoas próximas do primeiro-ministro, dizendo que se não publicássemos notícias sobre o Freeport os nossos problemas se resolviam", revela José António Saraiva.
Não percebo onde está a novidade. Todos os governos portugueses, embora mais uns do que outros, têm o seus amigos Joaquins, os seus chefes de posto e, é claro, os seus sipaios.
É claro que, tirando os amigos Joaquins, todos os outros são sempre os mesmos. Isto porque os chefes de posto e os sipaios trabalham para quem paga. Conseguem, aliás, ser do PS às segundas, quartas e sextas, e do PSD às terças, quintas e sábados.
O azedume do actual Governo em relaçãos aos não Joaquins, reflecte (entre outras) a frustração que deve sentir por não ter conseguido, embora tenha tentado e vá agora continuar a tentar, transformar muitos jornalistas nos tais acéfalos e invertebrados ao serviço (bem pago) da sua causa.
Todos os governos portugueses, embora mais uns do que outros, lutam para acabar com todos aqueles (e são cada vez menos) que teimam em ser Jornalistas. Uns fazem-no directamente através dos chefes de posto e dos sipaios, outros via amigos Joaquins.
O actual Governo conseguiu através dos donos dos jornalistas (os amigos Joaquins) e dos donos dos donos dos jornalistas (as empresas públicas, mas não só) fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.
O actual Governo transformou jornalistas em “criados de luxo do poder vigente", convenceu os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista da banha da cobra sugerida pelos amigos Joaquins, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia.
O actual Governo conseguiu convencer os jornalistas que, como bons sipaios, devem pensar apenas com a cabeça... do chefe do posto, tendo como certo que este pensa exactamente o mesmo que os amigos Joaquins.
O actual Governo conseguiu mostrar aos Jornalistas que mesmo tendo um cartão do PSD poderiam ter um outro do PS já que, nesta altura, é isso que também acontece com os amigos Joaquins. E como prova dessa estratégia promoveram alguns chefes de posto e até sipaios a directores e administradores.
E com cada vez mais chefes de posto e sipaios que têm carteira profissional de jornalista, não é difícil aos donos dos jornalistas (os amigos Joaquins), e aos donos dos donos dos jornalistas (as empresas públicas, mas não só) trasnformar a liberdade apenas numa coisa residual que, cada vez mais, tenta sobreviver nos córregos sinuosos da recordação.
2 comentários:
Mesmo em cheio, Orlando!... como sempre.
TRAAAAAAAPTA!
É incrível como tanto em Angola quanto aqui no meu Brasil, as coisas se assemelham.
É fato que há a má imprensa que está sufocando a boa, aquela que não vive de publicidade governamental. O pior é ter uma maioria de incultos que acredita na popularidade como o caminho da salvação.
Dizem-se escravos dos ricos mas desejam se tornar escravos do Estado e nós, comunicadores, não temos o direito de não sermos escravos de ninguém.
Parabéns pelo texto. Li alguns outros e passarei a acompanhá-lo desde já, se me permite. Devido a tensões com DITADORES (ou pretensos a) que temos aqui na América do Sul, pouco ou nada se fala sobre a África.
Abraços, caro colega.
Leumas
Curitiba, Brasil.
http://madrugadavisceral.blogspot.com/
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