Afonso Camões foi bem claro quando, em Junho de 2010, visitou Angola: “Há um enorme campo de cooperação pela frente”, disse o presidente da Lusa, lembrando que agência portuguesa é uma das poucas empresas que nunca deixou Angola, “mesmo nos tempos mais difíceis da guerra”.
Será que essa cooperação luso-angolana tem alguma coisa a ver com o facto de jornalistas moçambicanos terem sido proibidos de entrar em Angola?
Não. Com certeza que não. Se bem que o regime angolano, tal como o presidente da Lusa, gostem da máxima “é assim que eu quero e é assim que vai ser".
Aliás, por muito que isso custe a todos os que pensam o jornalismo como jornalistas, é verdade que a Lusa ganhou até um prémio da Aliança Europeia das Agências Noticiosas, de excelência e inovação.
E isso prova, segundo Afonso Camões, a capacidade “da agência portuguesa para trabalhar em conjunto com a Angop, sobretudo na sua modernização”. E sendo a Angop um órgão oficial do regime…
Seja como for, a verdade é que serviços angolanos de migração na África do Sul proibiram dois jornalistas moçambicanos de entrar em Angola. Não eram clandestinos. Eram jornalistas e até tinham vistos concedidos pela embaixada angolana em Maputo para participar numa formação jornalística em Luanda, capital do reino de José Eduardo dos Santos.
O chefe de redacção do semanário moçambicano Magazine Independente, Nelo Cossa, foi bem claro ao dizer: "Estamos chocados e traumatizados. Formos tratados como cães, criminosos. Fomos humilhados".
Os jornalistas moçambicanos que, apesar das dificuldades, estão habituados a ver o seu presidente da República ser eleito, ao contrário do de Angola que está no poder há 32 anos e nunca foi eleito, cometeram um erro grave e que infelizmente é habitual.
Ou seja, pensaram que Angola é um Estado de Direito e que as suas instituições funcionam como é habitual nos países civilizados. Mas no reino de Eduardo dos Santos as coisas não são assim.
Quem decide é o soba do reino. E, cá para mim, foi assim por uma razão simples. Por outras palavras, o dono de Angola deve ter dito: “é assim que eu quero e é assim que vai ser".
E quando assim é… não há nada que se possa fazer.
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