sexta-feira, agosto 26, 2011

Palestinianos? Sim, com certeza. São os bons!
Tibetanos? Cabindas? Jamais. São os maus!


A China vai votar a favor da adesão do Estado palestiniano às Nações Unidas. Do Tibete nunca ouviram falar.

Já em Junho de 2007 o  Hamas declarava vitória, não sobre os israelitas, mas sobre os seus rivais da Fatah, afirmando que "estava garantida a libertação de Gaza e aberto o caminho para a criação de um Estado islâmico".

Na altura, as forças leais ao presidente Mahmoud Abbas (a quem a então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, manifestara a solidariedade norte-americana) garantiam que nada estava decidido, que o Governo palestiniano (liderado por Ismail Haniyeh, do Hamas) seria dissolvido com base numa declaração de estado de emergência.

Mas, sem perder a memória, voltemos à actualidade. A garantia chinesa foi dada pelo presidente chinês, Hu Jintao, ao seu homólogo palestiniano, Mahmoud Abbas.

Isto porque, ao contrário do Tibete, e no dizer de   Hu Jintao, a "China sempre apoiou os direitos legítimos do povo palestiniano no estabelecimento de um Estado independente" em toda a Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental anexado por Israel.

Os palestinianos esperam obter, e consegui-lo-ão com certeza, o apoio de "mais de 150 países" dos 192 membros da ONU. Portugal (e se Pequim varre o Tibete para debaixo do tapete, Lisboa faz o mesmo em relação a Cabinda) deverá estar na primeira linha desse apoio, ou não tivesse – por exemplo – financiado (mais dois milhões de dólares) a construção do  novo estádio de futebol na cidade de Al-Kahder, nos arredores de Belém, na Cisjordânia.

Mahmud Abbas apresentará a 20 de Setembro um pedido de adesão plena do Estado palestiniano às Nações Unidas que será entregue ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, no dia de abertura da próxima Assembleia-geral da ONU, em Nova Iorque.

No final de Julho os palestinianos tinham já anunciado a sua intenção de pedir em Setembro ao Conselho de Segurança a adesão do Estado da Palestina à ONU e excluíram o retomar das negociações com Israel antes da Assembleia-geral.

Os palestinianos procuram uma adesão com plenos direitos à ONU e o reconhecimento da Palestina com as fronteiras que tinha na Cisjordânia, em Gaza e em Jerusalém Oriental em Junho de 1967, antes da Guerra dos Seis Dias e da anexação de territórios palestinianos por Israel, com o apoio dos EUA.

A "Palestina Vencerá" foi a palavra de ordem que mobilizou no dia 8 de Janeiro de 2009 três centenas de activistas frente à Embaixada de Israel na capital portuguesa, para condenar a invasão militar da Faixa de Gaza.

Em síntese, pode dizer-se que matar israelitas é um acto nobre mas que, pelo contrário, matar palestinianos é um crime. Há gente para tudo, sobretudo quando se está não só longe das coisas mas, sobretudo, longe da racionalidade.

O protesto, dito pacífico apesar de fazer a apologia da violência, foi convocado por um colectivo de partidos políticos, sindicatos, associações e organizações que, curiosamente, diziam defender a paz.

Sob o lema "Fim ao Massacre em Gaza", na concentração participaram sobretudo militantes de meia-idade, homens, que estavam em maioria sobre mulheres e jovens. A questão da idade é relevante. É que a idade não é sinónimo de juízo.

Havia faixas do tipo "Fim do Bloqueio a Gaza" e "Contra a Ocupação", chamando aos israelitas "Nazis Criminosos de Guerra" e defendendo uma "Palestina Pátria Livre e Soberana".

Este pessoal que ainda anda por aí não tem tomado a medicação correcta e teima em confundir Gaza com ganza e, é claro, aproveita as saídas precárias do hospício para vir para as ruas dizer asneiras.

Raquel Varela, directora de uma coisa dita de revista marxista-leninista, a Rubra, declarou nesse dia à Agência Lusa que "a grande mensagem - do protesto - é a de que num conflito entre desiguais a indiferença é cúmplice do mais forte".

"Estamos aqui pela vitória dos palestinianos e pela derrota absoluta do exército israelita", acentuou. Tanto quanto parece, o então primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, quando soube da ameaça de Raquel Varela mandou imediatamente retirar as tropas de Gaza.

Para Raquel Varela, "esta guerra só prova que terrorista é o Estado de Israel, com a cumplicidade dos Estados Unidos e da União Europeia, de onde vêm os financiamentos e as armas para permitir a matança indiscriminada de todo um povo aprisionado" na Faixa de Gaza.

Ora aí está. Na altura, também Barack Obama mandou um telegrama a Raquel Varela pedindo-lhe que fosse à Sala Oval (à Sala Oval?!?) da Casa Branca para o aconselhar (será que a tradução foi bem feita?) nas medidas a tomar contra os demónios dos israelitas.

Tanto quanto consegui apurar nessa época, Raquel Varela não terá ido aos EUA porque tinha agendadas para Lisboa mais uma série da manifestações em defesa das vítimas de Darfur, do Zimbabué, da República Democrática do Congo, da Somália, de Cabinda e de mais uma dúzia de países africanos onde ela apenas sabe que vivem... pretos.

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