Pelos vistos só agora é que o PS chegou à política portuguesa. E se só agora chegou, só agora pode – como fez hoje o seu cabeça de lista às eleições legislativas – pedir uma auditoria externa à dívida da Região Autónoma da Madeira.
Para o candidato socialista, "a situação das contas da região só se conhecerá em toda a extensão no dia em que seja feita uma auditoria às contas públicas", sublinhando que "a dívida pública madeirense é de tal forma elevada que só é possível encarar a solução do problema quando, de uma vez por todas, se conhecer a real extensão".
Na mesma linha, ontem o secretário-geral do PS, António José Seguro, desafiou o primeiro-ministro a esclarecer quem vai pagar a "irresponsabilidade" do Governo Regional na gestão dos dinheiros públicos, quando a Madeira está na bancarrota.
Importa recordar que o ex-ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, disse em 10 de Fevereiro do ano passado que as propostas da Oposição para as Finanças Regionais teriam "implicações nas contas públicas" e retiravam a "credibilidade externa" do país.
Quem disse que teriam graves "implicações nas contas públicas" foi Teixeira dos Santos, o político. Já quem afirmou que retiravan a "credibilidade externa" do país foi Teixeira dos Santos o simples cidadão que se licenciou em Economia na Universidade do Porto.
Segundo o então ministro, a última versão das alterações propostas à Lei das Finanças Regionais implicava um aumento da despesa pública em transferências para as regiões, especialmente para a Madeira, de quase 50 milhões de euros em 2010, um valor que aumentaria anualmente até chegar aos 86 milhões de euros em 2013. Ou seja, essas alterações permitiriam o aumento do endividamento regional em 100 milhões de euros já este ano.
Teixeira dos Santos lembrou ainda as diferenças nas taxas de IVA aplicadas em Portugal continental (20%) e na Madeira (14%), dizendo que, com esta lei, Alberto João Jardim "pretendia obter do Estado uma receita como se na Madeira se pagasse IVA à taxa de 20%".
"Isso não é justo porque implicaria que fossem os restantes portugueses a pagar a diferença e o custo dessa baixa de impostos na região", concluiu Teixeira dos Santos mostrando que, como simples cidadão, não gosta que no seu país existam portugueses de primeira e de segunda (ou até talvez de terceira).
Certo, bem certo, é que Alberto João Jardim não olha a meios para atingir os seus fins. E tem-no feito com total êxito que tanto agrada aos madeirenses como a todos aqueles que, por ganharem um pouco mais do que o salário mínimo..., vão passar férias ao jardim (privado) do Jardim.
E a verdade é que ninguém lhe pega. O homem diz o que entende, quando entende, insulta meio mundo – sobretudo os cubanos do continente – e continua impávido e sereno a gozar com a chipala dos portugueses.
Teixeira dos Santos bem quis acabar, ou pelo menos diminuir, o regabofe madeirense. Mas não foi lá. E não foi porque, para além de o PSD ser o que Alberto João quer, também o PS tem responsabilidade no actual (mau) estado das coisas.
Por algumas razão em 2007, o PS, a segunda força política mais votada, obteve nas eleições regionais da Madeira 15,42% dos votos e sete lugares no Parlamento Regional. O PSD, com 64,24% de votação, conquistou 33 dos 47 deputados.
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