Três em cada quatro sem-abrigo em Portugal são homens e têm entre 40 e 59 anos, sendo que nove em cada 10 está desempregado. É um orgulho ser…. Português.
Com um cenário em constante crescimento onde, nesta altura, “só” existem 800 mil desempregados, onde “só” 20% da população (sobre)vive sem comer e outros 20% a (sobre) vive com o espectro da fome a bater à porta, ser um sem-abrigo é um raro privilégio.
As estatísticas da AMI, que no ano passado apoiou 12383 pessoas em situação de pobreza nas suas estruturas sociais, indicam que cerca de 7% dos sem-abrigo são analfabetos, um terço só tem habilitações literárias até ao 1º ciclo (quarta ano) e metade não vai além do 3º ciclo (até 9º. Ano).
Os que têm mais escolaridade, inclusive licenciaturas, não o revelam por vergonha e, ainda, porque tendo curriculum a mais para ser sem-abrigo estão sujeitos a que lhes seja retirado esse privilégio.
Quase três quartos dos sem-abrigo, diz a AMI, não têm formação profissional e 90% não exerce qualquer actividade profissional. Outros há, não contabilizados, que têm profissão mas que perderam o emprego por serem portadores do maior dos males da actual sociedade portuguesa: têm coluna vertebral.
A maior parte (mais de 70%) tem nacionalidade portuguesa, seguindo-se os naturais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, e os dos países de leste.
Segundo a AMI, entre os principais motivos para a situação de pobreza estão o desemprego (quem diria?), os problemas familiares e doenças físicas.
Embora o número de sem-abrigo "tradicionais" atendidos pela organização tenha diminuído no ano passado, a quantidade de mulheres nesta situação aumentou.
Entre as mais de 700 pessoas sem-abrigo que pediram assistência, 29% eram mulheres, o que representa mais 4% do que em relação ao ano passado.
A população sem-abrigo divide-se, de acordo com a Federação Europeia de Organizações Nacionais que Trabalham com Sem-Abrigo, em quatro grandes grupos: sem-tecto (vivem na rua), sem casa (vivem em habitações temporárias), habitação precária (foram despejados) e habitação inadequada (estão em construções abarracadas).
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