O Governo português nomeou, em mês e meio, 447 pessoas, das quais 73 têm ou tiveram ligações aos partidos da coligação. Nada de novo nas ocidentais praias lusitanas…
Destas nomeações, segundo o Diário de Notícias, apenas duas têm um salário inferior a três mil euros. Nada de novo nas ocidentais praias lusitana onde, só por acaso, existem mais de 800 mil desempregados, mais de 20 por cento de pobres e outros tantos com saudades de uma refeição.
O Ministério da Economia foi o que mais nomeou, mas diz poupar três milhões por ano. Nomeados? Desde o amigo da ministra ao ex-secretário de Estado do PS, passando pelo sócio do ministro.
Num clima de austeridade, o Governo conta já com 46 motoristas e 119 secretárias. Nada mau.
Os nomes mas sobretudo as filiações partidárias continuam a ter um valor especial na suposta avaliação de competências. É por isso que o Governo já deu em tão pouco tempo sobejas provas de que, afinal, a tradição continua a ser o que era.
Ou seja hoje, como ontem, os "jobs" são para os "boys", os génios são menos importantes do que os néscios desde que estes tenham cartão do partido.
E enquanto isso, Portugal vai vendo licenciados a guiar táxis, a fazer embrulhos em lojas de roupa ou a servir às mesas nos cafés do país. O Governo simulou que queria alterar o (mau) estado das coisas mas, mais uma vez, foi mais a parra do que a uva. Mais o acessório do que o essencial. Mais o oportunismo do que o realismo. Mais a embalagem do que o produto.
Com algumas raras excepções, estaciona peças fundamentais em sectores relevantes. Na comunicação social (seja via administrações ou direcções editoriais) ainda não se notou mas está a chegar lá. Continua a valer a regra de que mais vale ser um propagandista de barriga (bem) cheia do que um ilustre Jornalista com ela vazia.
Alguns (muito poucos) ainda querem esperar mais algum tempo para saber algo mais. No entanto, são confrontados pelos que sabem tudo (embora raramente façam melhor) e que, como John Kennedy, disseram: "É a altura, não de perguntar aquilo que o Governo pode fazer por nós, mas aquilo que todos podemos fazer pelo Governo".
(A tradução da frase de Kennedy para português é : "quem pode manda")
É claro (para mim - entenda-se) que este Governo (ao contrário dos leves e iniciais indícios e de alguns – embora poucos – competentes que o integram) está-se nas tintas para os portugueses em geral e para os Jornalistas em particular.
Porquê? Porque, cada vez mais, os Jornalistas sabem que é sempre possível ter um cartão do partido no meio de tantos outros, mesmo que a validade seja curta.
É que, se não for nos jornais, haverá sempre um lugar como assessor, como especialista ou como super qualquer coisa.
Como diz Inês Pedrosa, "temos cada vez mais jornalistas que saltam das redacções para se tornarem criados de luxo do poder vigente".
E, é claro, depois dessa rodagem há sempre a possibilidade de ver criados saltarem do poder para serem sobas nos jornais, especializados em fazer listas de despedimentos...
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