sexta-feira, dezembro 22, 2006

Os (meus) meninos do Huambo


Com fios feitos de lágrimas de dor
Os meus meninos do Huambo choram
Ainda marcados pelo muito horror
da miséria e da fome onde moram

Com os lábios de muito dizer aiué
Soletram pensamentos de esperança
Como quem se alimenta de tanta fé
Inebriada pelos sorrisos de criança

Os meus meninos à volta da fogueira
Já aprenderam que dizer a verdade
Será talvez mais uma bonita bandeira
mas que o melhor é não falar de saudade

Com os sorrisos mais lindos do planalto
- Essa é uma certeza para a eternidade
Fazem contas engraçadas de sobrsesalto
E subtraem a fome a sonhos de igualdade

Dividem a chuva miudinha pelo milho
Como se isso fosse o seu eterno destino
Saltam ao céu toda a dor feita andarilho
No seu estilhaçado mundo peregrino

Os meus meninos à volta da fogueira
Não vão aprender novas palavras
Porque a dor da miséria é cegueira
Que alimenta todos os dias as lavras

Assim descontentes à voltinha da poesia
Juntam palavras do tempo que passa
Para ver se alimentam a barriga vazia
E se descobrem o fim de tanta desgraça.

3 comentários:

fino disse...

Pelos meninos do Huambo que se tornaram homens, meu irmão tens um agradecimento no Bissapa.

Anónimo disse...

Será que Paulo de Carvalho, um dos maiores cantores vivos, já perguntou aos sobreviventes do Huambo, se os brinquedos de quando eram crianças, eram da Toys R us, ou eram Kalashnikov? É pena que uma canção tão bonita estivesse tão fora do contexto. a.rosinha,alverca

Anónimo disse...

"E O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS, VIMOS A SUA GLÓRIA COMO DO UNIGÉNITO DO PAI CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE". jOÃO 1:14

FELIZ NATAL, NA GRAÇA E PAZ DE CRISTO.

abraços