De quando em vez, os sipaios do MPLA reeditam a tese que há seis anos foi defendida pelo então secretário para as relações exteriores do partido que (des)governa Angola desde 1975, Paulo Teixeira Jorge, que criticou o Governo português por, nas suas palavras, permitir que "portugueses de ocasião" interfiram nos assuntos internos de Angola. Terá isto alguma ligação com a cimeira UE/África do próximo fim-de-semana?
O MPLA terá já ouvido falar de democracia. Não sabe o que é e, por isso, julga-se no direito de dar palpites sobre um Estado de Direito, algo que não se pode dizer a propósito da actual Angola, em cujos quintais proliferam acéfalos disponíveis para fazer tudo o que o camarada presidente quer.
"Existe o princípio universal da não ingerência nos assuntos internos (de outro Estado) e eu creio que Portugal, através dos órgãos competentes, poderia recomendar a esses ditos portugueses (elementos afectos à UNITA que vivem em Portugal) para não se meterem nos assuntos internos (de Angola)", afirmou na altura Paulo Teixeira Jorge, referindo-se ao facto natural de Portugal ser um dos países onde a UNITA teve, tem e terá mais adeptos.
Portugal, convirá que o MPLA o entenda de uma vez por todas, é uma nação livre. Mais livre umas vezes do que outras, é certo, mas livre. Coisa que Angola não é. Lá, por ordem dos amigos do camarada presidente, nem existe nação nem liberdade.
Por isso, conviria que o MPLA se preocupasse antes em dar palpites para o Futungo de Belas ou para outra quinta qualquer... enquanto tem tempo. De qualquer modo, quando lhe faltar o tempo, o camarada presidente e os seus acólitos poderão sempre vir também para Portugal. Não será difícil dar-lhe o estatuto de «português de ocasião».
"...Eles são portugueses de ocasião, fundamentalmente são angolanos que se tornaram portugueses depois da evolução da situação em Angola", dizia Paulo Teixeira Jorge, para quem o Governo português também deveria "chamar a atenção" dos elementos da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) que se encontram em Portugal.
O Governo português só não deverá chamar a atenção aos acólitos do camarada presidente.
Não há dúvida de que o MPLA continua a pensar, certamente devido às boas amizades com a dupla Sócrates/Barroso, que Portugal se assemelha a Luanda.
E, se calhar, até tem alguma razão. A maioria dos acólitos do camarada presidente critica mas nunca bate palmas. E não bate palmas por que se o fizesse caía das árvores.
Mais palavras para quê? É por estas e por outras, é por este e por outros, que os angolanos continuam a vegetar, enquanto os dirigentes vivem à grande. Até um dia.
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