terça-feira, dezembro 04, 2007

Cravinho quer libertar-se da bagagem colonial
- Terá sido por isso que comparou Savimbi a Hitler?

A União Europeia deve libertar-se da "bagagem colonial" na relação com África, reconhecendo que o continente é hoje "um igual" com "progressos notáveis" nos últimos anos, defendeu hoje o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal.

Deverá ter sido na perspectiva de deitar ao lixo a “bagagem colonial”, no caso de Angola, que João Gomes Cravinho comparou, em Novembro de 2005 numa entrevista ao Expresso, Jonas Savimbi a Hitler e não os tem no sítio para qualificar Robert Mugabe, por exemplo.

Recordo que o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação do Governo português disse que «Savimbi foi um monstro, um Hitler africano”. Como então escrevi no “Alto Hama” do Notícias Lusófonas, se Portugal fosse um Estado de Direito, das duas uma, ou o secretário de Estado pedia desculpa aos milhões de angolanos que gostam de Savimbi, nomeadamente à UNITA, ou seria demitido.

Nada disso aconteceu. Concluo, portanto, que de facto e de jure Portugal não é um Estado de Direito.

Do ponto de Cravinho, do qual o Governo não se demarcou, Angola é sinónimo de MPLA e tudo o resto são monstros e hitleres.

Conclui-se, segundo o governante português, que Angola está cheia de monstros e hitleres, tantos são os angolanos que admiram Savimbi e reconhecem o contributo que deu para a Independência do país.

«Há coisas que não se definem - sentem-se». Foi isto que em 1975 me disse, no Huambo, Jonas Malheiro Savimbi. É isto que João Cravinho nunca compreenderá. A UNITA não se define - sente-se. Jonas Malheiro Savimbi não se define - sente-se. Angola não se define - sente-se.

E porque se sente, e não há maneira de matar o que se sente, é que Jonas Malheiro Savimbi, continuará na História, mau grado as tentativas dos que nasceram cravinhos e que por isso nunca chegarão a cravos.

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