quinta-feira, julho 31, 2008

... e qual será o próximo? (II)

O presumível encerramento de "O Primeiro de Janeiro", que durante décadas, até aos anos 70 do século passado, foi o principal jornal do Porto e uma referência na Imprensa diária portuguesa, dá-se três anos depois do encerramento de "O Comércio do Porto".

Ao que parece, "O Primeiro de Janeiro" despede-se amanhã dos leitores, dos portugueses e de todos os que para contar até 12 não precisam de se descalçar.

Mais uma vez fico com a certeza de que os jornais que queiram garantir a sobrevivência não devem ser feitos por Jornalistas mas, vejam-se os exemplos que nos rodeiam, por produtores de conteúdos.

Os Jornalistas pensam, os produtores de conteúdos não.

E no comércio de jornalismo só interessam os que não pensam. Os que entendem que quem não vive para servir não serve para viver não têm lugar num negócio em que, de facto, vale tudo.

Deixe-me dizer aos meus colegas do também meu "O Primeiro de Janeiro" que não se é Jornalista 7 horas por dia a uns tantos euros por mês. É-se Jornalista 24 horas por dia mesmo estando desempregado.

No entanto, se quiserem deixar de ser Jornalistas e enveredar pela carreira de produtores de conteúdos poderão já amanhã ter emprego.

Um abração a até um dia destes numa qualquer esquina da vida.

2 comentários:

ELCAlmeida disse...

E assim se vai fazendo a Comunicação Social portuguesa.
Vivam os pasquins! Morram os Jornais!!!
Kandandu
Eugénio Almeida

Carla Teixeira disse...

Somos cada vez menos e estamos, cada vez mais, na rua. Fora das redacções. Este processo de fecho do «Janeiro» (e que processo!) ainda vai dar muito que falar, se não acabar com prisões e sangue! O «Janeiro» não morreu, mas acaba de ser assassinado, sem apelo nem agravo, pela própria administração do jornal, que interrompe um momento de crescendo para minar a opinião pública e desacreditar, de vez, um título centenário, que faz parte da história do Porto, do Norte e do País, e pelo qual passou muita da nata do jornalismo, mas também muita da sua maior escumalha. Puseram-nos fora, de fora ficaremos. Mas não sem dar luta. Não sem defender o produto que durante anos ajudámos a chegar aos portuenses, sempre com empenho acima da média para o que nos pagavam. Saímos de cabeça erguida. O «Janeiro» pode já não ser um dos grandes. Mas é nosso, e viverá sempre nos nossos corações.