De vez em quando, os donos de Angola mandam os seus servos (Jornal de Angola, por exemplo) acusar a França de estar envolvida numa conspiração contra o país.
Volta e meio a JA lança duras críticas à França e aos meios de comunicação franceses, reproduzindo apenas a versão oficial dos seus donos, acusando-os de conspirarem contra Angola, e, creio, também contra a democracia que (não) existe, contra a legitimidade de um presidente (não) eleito, contra as regras de um Estado de Direito que Angola (não) é.
O JA, que é um paradigma de ética e profissionalismo, tem acusado a Agência France Presse de fazer campanha contra Angola e terá sugerido ligações entre a França e o ataque à escolta milita angolana contra a selecção togolesa de futebol, em Cabinda. E o jornal, como sempre tem razão. Ao que ainda hoje parece, nem sequer eram homens da FLEC. Tudo indica que seriam soldados franceses disfarçados.
Tudo estaria bem se, como fez o presidente português, Anibal Cavaco Silva, Nicolas Sarkozy tivesse dito que Angola vai de Cabinda ao Cunene. Não o disse e por isso o regime angolano, que ocupa militarmente Cabinda, não perdoa.
Não sei porquê mas creio que, bem vistas as coisas, se calhar os franceses sabem mais da História de Portugal do que os próprios portugueses. Sendo certo que para as actuais autoridades de Lisboa parece que essa mesma História só começou a ser escrita em Abril de 1974.
Paris sabe muito bem que o regime que desgoverna Angola desde 1975 é uma ditadura e que, por isso, entende que quem pensa de maneira diferente é obrigatoriamente inimigo. Quanto ao pasquim, limita-se a ampliar os recados do MPLA. É assim há 36 anos e assim continuará até que o país um dia seja um Estado de Direito.
"Fiquei triste com este artigo que sugere que a França deve ser acusada de fomentar uma conspiração contra Angola através da FLEC. É absurdo, em primeiro lugar, e também estranho," disse há pouco mais de um ano Francis Blondet, então embaixador de França no reino de José Eduardo dos Santos.
Mas, bem vistas as coisas, não tem nada de estranho. Aliás a zanga do dono de Angola, José Eduardo dos Santos, tem outras origens, sendo a mais conhecida a que entronca no caso “Angolagate”.
Importa recordar que, segundo o governo angolano, não está certo condenar “cidadãos franceses que em tempo oportuno ajudaram o país a garantir a defesa do Estado e do processo democrático, face a uma subversão armada condenada pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas, em particular”.
É mesmo isso. Só falta acrescentar que esses impolutos cidadãos franceses ajudaram os cidadãos angolanos de primeira categoria, os do MPLA, a matar os de segunda, também conhecidos como uma subespécie que dá pelo nome de kwachas.
Aliás, de acordo com uma declaração do Governo angolano, não foi provado em Tribunal qualquer comércio ilícito de armas, até porque estas não eram francesas nem transitaram em território francês. Como se vê...
"Não havia na altura qualquer embargo internacional contra a aquisição de armas pelo governo legítimo de Angola e estas foram adquiridas por Angola num negócio perfeitamente licito entre dois Estados soberanos. Tanto assim é que nem os seus signatários foram considerados parte em todo este processo judicial", frisa um documento do governo angolano.
Governo legítimo? Sim. Claro que sim. Não foi eleito, recebeu o poder das mãos dos portugueses à revelia e violando todos os acordos assinados, o que só por si legitima o governo. Ou não será?
Segundo a versão oficial do MPLA (a única válida, convenhamos), perante estes factos, tudo indica que este foi um processo desequilibrado e injusto, viciado por considerações e motivações de natureza política e parecendo, acima de tudo, eivado de um espírito de vingança, porque certos angolanos que foram apoiados pelos Serviços Especiais franceses falharam nos seus desígnios de conquista do poder pela força das armas.
Assim, tendo falhado – de acordo com os donos de Angola – a tentativa dos Serviços Especiais franceses conquistarem o poder pelas armas que, nessa altura, estavam nas mãos da UNITA, viram-se agora para a FLEC.
O Governo da República de Angola repudiou na altura, e não foi assim há tanto tempo (Outubro de 2009), com veemência a forma abusiva como foi reiteradamente utilizado nesse processo o nome de Angola, constituindo isso quer uma violação do princípio do respeito mútuo entre dois Estados com relações diplomáticas, quer do segredo de Estado inerente a questões sensíveis relativas à Defesa e Segurança nacionais.
Como na altura escrevi (“Angolagate” irrita os donos do poder porque as armas foram para matar uma subespécie de angolanos, os kwachas”), os súbditos de Nicolas Sarkozy que se cuidem. O MPLA não leva desaforo para casa e a vingança faz parte da genética dos angolanos de primeira, e esses, como se sabe, estão todos no MPLA.
Além disso, Sarkozy não pode esquecer que mais de 70 empresas francesas estão estabelecidas em Angola, inclusive – pois claro! - a gigante de petróleo Total, que é o segundo maior produtor de petróleo no país, depois da Chevron…
O JA, que é um paradigma de ética e profissionalismo, tem acusado a Agência France Presse de fazer campanha contra Angola e terá sugerido ligações entre a França e o ataque à escolta milita angolana contra a selecção togolesa de futebol, em Cabinda. E o jornal, como sempre tem razão. Ao que ainda hoje parece, nem sequer eram homens da FLEC. Tudo indica que seriam soldados franceses disfarçados.
Tudo estaria bem se, como fez o presidente português, Anibal Cavaco Silva, Nicolas Sarkozy tivesse dito que Angola vai de Cabinda ao Cunene. Não o disse e por isso o regime angolano, que ocupa militarmente Cabinda, não perdoa.
Não sei porquê mas creio que, bem vistas as coisas, se calhar os franceses sabem mais da História de Portugal do que os próprios portugueses. Sendo certo que para as actuais autoridades de Lisboa parece que essa mesma História só começou a ser escrita em Abril de 1974.
Paris sabe muito bem que o regime que desgoverna Angola desde 1975 é uma ditadura e que, por isso, entende que quem pensa de maneira diferente é obrigatoriamente inimigo. Quanto ao pasquim, limita-se a ampliar os recados do MPLA. É assim há 36 anos e assim continuará até que o país um dia seja um Estado de Direito.
"Fiquei triste com este artigo que sugere que a França deve ser acusada de fomentar uma conspiração contra Angola através da FLEC. É absurdo, em primeiro lugar, e também estranho," disse há pouco mais de um ano Francis Blondet, então embaixador de França no reino de José Eduardo dos Santos.
Mas, bem vistas as coisas, não tem nada de estranho. Aliás a zanga do dono de Angola, José Eduardo dos Santos, tem outras origens, sendo a mais conhecida a que entronca no caso “Angolagate”.
Importa recordar que, segundo o governo angolano, não está certo condenar “cidadãos franceses que em tempo oportuno ajudaram o país a garantir a defesa do Estado e do processo democrático, face a uma subversão armada condenada pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas, em particular”.
É mesmo isso. Só falta acrescentar que esses impolutos cidadãos franceses ajudaram os cidadãos angolanos de primeira categoria, os do MPLA, a matar os de segunda, também conhecidos como uma subespécie que dá pelo nome de kwachas.
Aliás, de acordo com uma declaração do Governo angolano, não foi provado em Tribunal qualquer comércio ilícito de armas, até porque estas não eram francesas nem transitaram em território francês. Como se vê...
"Não havia na altura qualquer embargo internacional contra a aquisição de armas pelo governo legítimo de Angola e estas foram adquiridas por Angola num negócio perfeitamente licito entre dois Estados soberanos. Tanto assim é que nem os seus signatários foram considerados parte em todo este processo judicial", frisa um documento do governo angolano.
Governo legítimo? Sim. Claro que sim. Não foi eleito, recebeu o poder das mãos dos portugueses à revelia e violando todos os acordos assinados, o que só por si legitima o governo. Ou não será?
Segundo a versão oficial do MPLA (a única válida, convenhamos), perante estes factos, tudo indica que este foi um processo desequilibrado e injusto, viciado por considerações e motivações de natureza política e parecendo, acima de tudo, eivado de um espírito de vingança, porque certos angolanos que foram apoiados pelos Serviços Especiais franceses falharam nos seus desígnios de conquista do poder pela força das armas.
Assim, tendo falhado – de acordo com os donos de Angola – a tentativa dos Serviços Especiais franceses conquistarem o poder pelas armas que, nessa altura, estavam nas mãos da UNITA, viram-se agora para a FLEC.
O Governo da República de Angola repudiou na altura, e não foi assim há tanto tempo (Outubro de 2009), com veemência a forma abusiva como foi reiteradamente utilizado nesse processo o nome de Angola, constituindo isso quer uma violação do princípio do respeito mútuo entre dois Estados com relações diplomáticas, quer do segredo de Estado inerente a questões sensíveis relativas à Defesa e Segurança nacionais.
Como na altura escrevi (“Angolagate” irrita os donos do poder porque as armas foram para matar uma subespécie de angolanos, os kwachas”), os súbditos de Nicolas Sarkozy que se cuidem. O MPLA não leva desaforo para casa e a vingança faz parte da genética dos angolanos de primeira, e esses, como se sabe, estão todos no MPLA.
Além disso, Sarkozy não pode esquecer que mais de 70 empresas francesas estão estabelecidas em Angola, inclusive – pois claro! - a gigante de petróleo Total, que é o segundo maior produtor de petróleo no país, depois da Chevron…
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