sábado, maio 14, 2011

João Rendeiro para ministro das Finanças. Já!

A edição de hoje do jornal Expresso diz que ex-gestores do BPP, entre os quais João Rendeiro, já terão sido alvo de acusações por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sendo que a maioria das acusações é considerada "grave e muito grave". As multas podem atingir um valor máximo de 2,5 milhões de euros.

Se um deputado Ricardo Rodrigues, que rouba gravadores aos jornalistas durante uma entrevista, pode ser cabeça-de-lista do PS, quer-me parecer que Josão Rendeiro não só poderia como deveria ser ministro das Finanaças, fosse qual fosse o vencedor das póximas eleições.

Para aquilatar das suas qualificações para integrar um governo de salvação, ou união, nacional, basta recordar que o antigo presidente do Banco Privado Português recebeu, em 2008, três milhões de euros em remunerações. Isto, no mesmo ano em que a instituição solicitou o auxílio do Banco de Portugal para evitar a falência. Querem melhor cartão de visita?

A notícia deste montante foi também avançada pelo Expresso, que explicava que em 10 anos o BPP pagou a João Rendeiro 12 milhões de euros, a maioria através de offshores. Deste dinheiro, apenas 3,2 milhões de euros terão sido declarados ao fisco. Uma discrepância que acabou por ser detectada pelas autoridades, que, entretanto, exigiram o pagamento de quatro milhões de euros em atraso.

Como se vê, João Rendeiro sabe da poda e não perdeu tempo a discutir – como diria Eduardo Catroga – pentelhos. É o homem ideal para liderar as Finanças portuguesas.

O antigo presidente do BPP sustenta que os valores recebidos deveriam ser líquidos e por isso considerava, isto foi em em Abril do ano passado, que deveria ser o banco a pagar os impostos em causa, motivo pelo qual instaurou um processo contra o... BPP.

Como disse João Cravinho no prefácio do livro de... João Rendeiro, “esta é a história do banqueiro, filho de um casal proprietários de uma sapataria em Campo de Ourique, que do nada chegou ao topo no mundo das Finanças, com negócios em Portugal, Espanha, Brasil e África”.

Continuando com João Cravinho no mesmo texto, “João Rendeiro é um dos investidores mais ousados e respeitados no mercado financeiro português. Neste livro ("Testemunho de um Banqueiro"), Rendeiro desvenda a sua estratégia de fazer negócios e investir na Bolsa, bem como a melhor forma de sobreviver à crise financeira despoletada pelo subprime”.

Ora aí está. Não faltam, pelo contrário, dotes a João Rendeiro para liderer um ministério que terá a função de salvar o país...

Nessa mesma altura, segundo o Correio da Manhã, a casa onde mora João Rendeiro, no exclusivo condomínio da Quinta Patino, em Cascais, está registada numa sociedade estrangeira, sediada num offshore, que já teve duas moradas diferentes. A mansão do lote 81, que estava avaliada em 2,1 milhões de euros, é propriedade da empresa Corbes Group Limited, que a adquiriu em Maio de 2000 com recurso a um empréstimo do Banco Bilbao Vizcaya no valor de 250 mil euros.

Segundo disse ao Diário de Notícias o socialista João Cravinho, actual administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), "é amigo do ex-presidente do BPP”, mantendo a propósito da João Rendeiro, que "chegar mais alto pelo seu próprio mérito, com toda a limpeza, é também apontar caminhos aos outros, um pouco como quem abre portas a futuras marés que levantam os barcos à medida que a linha de água sobe."

No dia 24 de Maio de 2009, escrevia o Correio da Manhã que muita coisa mudou na vida de João Rendeiro:

“Passou de um banqueiro de sucesso que 'venceu nos mercados' (como dizia na capa do seu livro) para o homem que deixou o banco privado perto da falência. E muitos foram aqueles com quem privou que agora lhe viraram as costas. A última vez que apareceu em público foi numa assembleia geral do BPP, de onde saiu derrotado pelos accionistas que recusaram as suas propostas para recuperar o banco. Não dá entrevistas, não comenta as acusações que lhe são imputadas. Refugia-se na sua casa na Quinta Patino”.

Mas não é, obviamente, tudo. “Mas há coisas de que não abdica. Saiu da reunião e foi para o Hotel Ritz. Há poucas semanas foi visto a almoçar no Eleven (um dos restaurantes mais caros de Lisboa), do qual foi fundador com mais 11 empresários. Em Fevereiro, também não perdeu a oportunidade de viajar para Madrid para ir à conhecida ARCO, feira de arte contemporânea”.

Como sempre, é mais um bom exemplo “made in Portugal”. Creio, por isso, que será com gente assim que o país se safará da bancarrota...

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