Pois. É uma boa pergunta. Desde logo porque esse é um tema proibido nas fábricas portuguesas de enchimento de textos de linha branca, a que alguns chamam – erradamente – jornalismo.
Apesar do silêncio português, este livro é dedicado a todos os cabindas que foram presos, que estão presos, que serão presos, que foram mortos e que serão mortos por acreditarem que a força da razão vale mais do que a razão da força.
Segundo o antigo vigário-geral da Diocese de Cabinda, padre Raul Tati, "se há país em que os Estados Unidos deveriam intervir, esse país é Angola, devido ao que se passa em Cabinda".
Isto porque, diz Raul Tati, "não basta fazer denúncias. É preciso realizar acções que visem uma responsabilização penal dos autores morais e materiais das violações que estão a ser perpetradas em Cabinda”.
O padre apela para que as opiniões públicas, portuguesae internacional, "façam tudo, mas absolutamente tudo, para se acabar com a chacina em Cabinda e para se devolver a dignidade ao seu povo".
O advogado Martinho da Cruz Nombo, que exerceu entre 1995 e 1999 as funções de vice-governador provincial de Cabinda, diz que se assiste "hoje a cenas deploráveis e incompreensíveis à luz de um Estado que se diz de Direito e democrático".
Entre essas cenas, Martinho da Cruz Nombo evoca detenções arbitrárias, intimidação psicológica, ameaças e ofensas corporais permanentes, execuções sumárias, buscas em residências particulares sem mandado judicial, violação de menores, destruição de aldeias e de campos agrícolas e saque de bens.
Como para mim existe uma substancial diferença entre exercer jornalismo e ser Jornalista, entre ser operário de um órgão de comunicação social e ser Jornalista, continuo a dizer que nesta profissão quem não vive para servir não serve para viver.
E é por isso que Cabinda não é notícia. Uma bitacaia no presidente de Angola, que por sinal está há 32 anos no poder sem nunca ter sido eleito, tem muito maior cobertura do que o facto de em Cabinda imperar o terror.
É por isso que os operários dos órgãos de comunicação social lá estão para se servir, para servir os seus capatazes, e não para servir o público, para dar voz a quem a não tem.
Falar hoje de Cabinda é algo que desagrada aos poderes políticos de Angola e de Portugal, bem como ao poder económico nacional ou global.
Falar hoje de Cabinda é algo que desagrada aos poderes políticos de Angola e de Portugal, bem como ao poder económico nacional ou global.
Apesar disso, e como dizia há muitos anos, em Angola, o João Charulla de Azevedo, projecto o melhor, espero o pior e aceito de ânimo igual o que Deus quiser.
Embora o livro apresente o que penso sobre a situação de Cabinda, o mais importante é o que o povo de Cabinda pensa, mesmo que nesta altura tenha de ter até especiais cuidados quando resolve pensar.
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