quarta-feira, maio 11, 2011

Recordando Manuel Monteiro

Como jornalista acompanhei há alguns anos a actividade política quer de Manuel Monteiro quer de Paulo Portas. Conheci, e alguns ainda estão (bem) no activo, políticos do CDS/PP que estão sempre do lado de quem está no Poder e, como se isso não bastasse, estão igualmente sempre contra quem lá deixou de estar.

Foi confrangedor ver, a propósito do Manifesto da Direita em Portugal que, em 2006, o então líder do PND protagonizou, tanta gentalha a cuspir no prato que tantas vezes a alimentou.

Sob o comando de Paulo Portas, tanto o partido enquanto tal, como alguns dos assalariados a título individual, tentaram dizer que a ideia de Manuel Monteiro era inócua. Se a mesma ideia fosse de Paulo Portas, aí passaria a genial.

Ou seja, não se analisa e debate a mensagem, mata-se o mensageiro.

Na altura, com esse Manifesto, Manuel Monteiro retirou a Portas um dos seus principais trunfos. O de ser ele a avançar com este mesmo manifesto, com a mesma ideia de refundir e refundar a Direita.

Por outras palavras, Manuel Monteiro lutou com alma e coração pelo CDS/PP porque acreditava no partido, na Direita e no que o distinguia do PSD. Já Paulo Portas, acreditou no CDS/PP enquanto instrumento de aproximação, ou até mesmo de fusão, com o PPD/PSD.

Como dizia Pacheco Pereira, «para prosseguir esse objectivo, Portas vendeu o seu corpo político a tudo, - ao PS, ao PSD, à Constituição Europeia, ao estatismo anti-liberal, – mas não o conseguiu e ficou num limbo de onde não sabe sair.»

Dizia ainda Pacheco Pereira que Portas «tem um partido na mão, mantendo Ribeiro e Castro numa teia de que não se consegue livrar, mas hesita em querer ou não o CDS-PP porque não sabe o que lhe é mais útil, a única consideração que conta. »

No caso de Manuel Monteiro, e como se dizia noutros tempos, foi de derrota em derrota mas não chegou até à vitória final, mau grado o muito engenho (o que não é sinónimo de seriedade) e perspicácia (o que não é sinónimo de coerência) de Paulo Portas.

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