Tal como no referendo anterior, a sociedade portuguesa mobiliza-se para discutir a questão do aborto, rotulada de interrupção voluntária da gravidez para que, creio, todos percebam melhor. Uns, os que já nasceram, não têm problemas em ser a favor do “sim”, a favor de uma lei que sabem nunca os atingir. Os outros, os do “não”, onde me incluo, não querem para os outros o que não querem para eles. Ou seja, se eu tive direito à vida… todos os outros devem ter o mesmo direito.
A tudo isto acresce que defender o “sim” é a mais pura e paradigmática forma de cobardia. Ou seja, se a sociedade não consegue dar condições de vida (aos pais, mas sobretudo às mães), então mate-se quem não tem direito de defesa.
Noutro patamar, seria mais ou menos como a sociedade não ter capacidade para combater o roubo de carros e, para resolver a questão, decidisse legalizar essa actividade, descriminalizando os autores.
Eu sei que, para muitos socialistas, sociais-democratas, comunistas e afins é mais fácil dizer a uma mãe que pode e deve abortar do que lhe dar condições de dignidade que lhe permitam criar o filho. Para mim isso é cobardia e aceitação da falência de uma sociedade solidária e digna.
A tudo isto acresce que defender o “sim” é a mais pura e paradigmática forma de cobardia. Ou seja, se a sociedade não consegue dar condições de vida (aos pais, mas sobretudo às mães), então mate-se quem não tem direito de defesa.
Noutro patamar, seria mais ou menos como a sociedade não ter capacidade para combater o roubo de carros e, para resolver a questão, decidisse legalizar essa actividade, descriminalizando os autores.
Eu sei que, para muitos socialistas, sociais-democratas, comunistas e afins é mais fácil dizer a uma mãe que pode e deve abortar do que lhe dar condições de dignidade que lhe permitam criar o filho. Para mim isso é cobardia e aceitação da falência de uma sociedade solidária e digna.
Por isso: Aborto? Não, Obrigado!
(Se calhar, já que a legalização do aborto não tem efeitos retroactivos – é pena! -, a melhor forma de nos vermos livres de futuros políticos medíocres como os que agora proliferam por aí seria votar “sim”. Mesmo assim… voto “Não”).
Nota: Até ao referendo este texto terá direito à vida. Volta e meia estará por aqui.
4 comentários:
Olá, Orlando! Eu não teria, obviamente, dito melhor! Beijinhos.
Também estou nessa!
Confesso que para mim foi uma desilusão este seu post. Sempre me pareceu defensor das liberdades. E a comparação da interrupção da gravidez com o roubo de carros foi de cortar a respiração.
Numa sociedade livre não deveriam ser os pais, ou o casal progenitor, aqueles que gerem o orçamento familiar, que decide se naquela altura da vida de ambos têm ou não condições e estabilidade (económicas, psicológicas) para avançar com algo tão importante como gerar um ser?
Respeito a sua opinião mas discordo visceralmente. Sempre me pareceu que se batesse por valores de esquerda e liberais, afinal é tão defensor de uma Angola livre, onde os angolanos pudessem fazer as suas escolhas.
Parece-me que neste caso defende uma lei bastante opressora, diria mesmo ditadora. Como se eu ou o Sr. Orlando Castro (de quem eu tenho em muita estima) tivéssemos o poder ou a competência para ditar leis de falsos moralismos que atiram casais para a criminalidade.
Sabemos que existem métodos contraceptivos eficazes (99%) e também sabemos que existe muita informação, mas mesmo assim acontecem acidentes.
Vejamos caso a seguir:
• Você tem 19 anos, vai para fora do seu pais estudar com grandes ambições e muitos planos, aluga um quarto perto da faculdade e divide a casa com uma rapariga que, mais tarde, se torna sua parceira. Um dia surge um frúnculo na axila da sua parceira, faz febre e tem dores, vai a uma urgência e é medicada com antibiótico, o médico que prescreve a receita não adverte que o antibiótico corta o efeito da pílula. Resultado??? Surge uma gravidez indesejada num casal que trabalha para pagar as propinas da faculdade e que vive com carências, numa casa alugada pelos pais que estão em Angola.
Como este “acidente” não foi planeado, e como ambos não tinham a certeza de que a relação tinha futuro e porque não se trás um ser ao mundo por “acidente”, sem ter condições para oferecer um lar (pai, mãe, amor, um tecto e comida) decidem abortar, porque acham que eles têm esse direito.
Procuram ajuda médica adequada em vários centros mas a resposta é sempre a mesma: É ILEGAL, DIRIJAM-SE A ESPANHA!!!
Explicam como ocorreu a gravidez e a resposta é: TEMOS PENA, É ILEGAL DIRIJAM-SE A ESPANHA!!!
Conclusão: Falta-se as aulas, fazem-se umas horas extras para ter dinheiro e ir a Espanha pagar 600,00€ por um aborto.
Entramos em colisão com o sistema e com os nossos valores morais porque, acredite, não se toma essa decisão de ânimo leve. Não se faz por prazer como os do “NÃO” querem fazer crer.
Pergunto:
Sou criminoso???
Deveria um de nós (ou ambos) interromper os estudos e todos os planos, todas as esperanças dos pais que estão em Angola e que investem as poupanças nos filhos para trazer ao mundo e sustentar essa criança???
Deveria trazer essa criança ao Mundo e entregar aos cuidados do estado que não permite o aborto???
Deveria trazer essa criança ao Mundo e entregar ao cuidado do médico que receitou o antibiótico?
Talvez devesse trazer essa criança ao Mundo e entrega-la ao cuidado de todos aqueles que são a favor do NÃO a interrupção da gravidez.
Que faria se a sua filha de 15 anos aparecesse grávida do namorado de 16? Você cometia o crime de hipotecar o futuro desses 3 seres, dois jovens na puberdade e um bebe fruto de uma paixão de quem está a conhecer e a explorar o corpo humano agora?
Por favor deixem-se de falsos moralismos e votem SIM!!!
CRIME É OBRIGAR AS PESSOAS HIPOTECAREM O FUTURO PARA TRAZER, NA MAIORIA DAS VEZES, CRIANÇAS QUE VÃO SOFRER CARÊNCIAS.
M.N
Meu cararíssimo amigo Orlando Castro, aqui está uma coisa que nos antagoniza - haja a Deus que além da dicotomia Porto-Benfica exista algo que nos ponho em divergência; qualquer dia até parecíamos uma "alma gémea"... nock, nock, nock, abrenúncio - mas falando a sério; apesar, e com toda a honestidade, ainda não ter ponderado se vou ao referendum e, no caso afirmativo, qual o voto, inclino-me neste momento para o NÃO; e não pelo não mas porque considero que esta lei que vai ser referendada dá um poder leonino - demasiado leonino - às mulheres como se fossem as únicas interessadas no assunto. serão elas que mandam, justamente, diga-se, no corpo. Mas quantas vezes não houveram gravidezes mal-contadas e depois de aproveitado o ganho se procurará anular a mesma?
Em circunstâncias normais diria SIM!
Ate porque para aturar certos abortos - basta nadar e ir até um determinado local do meio do atlântico-norte - que por aí andam mais vale provocá-lo logo no início.
Mas não tomemos todos por igual. até porque o Vaticano admite - assumo que vejo alguma televisão e esta aprendi com o CSI-NY - o aborto até às 10 (dez) semanas, (ainda não tive o privilégio de confirmar esta afirmação); ora se admite - ou aceita - porque tenta a Igreja portuguesa, contrariar um dogma estabalecido superiormente.
Até ao Referendum vou me colocar num campo que, muito sinceramente, me desagrada mas que penso ser o melhor para melhor pensar: o campo de "nem é peixe nem é carne". E no fim decidir em consciência.
Até porque a questão jurídica, de, o fecto, ser ou não ser um "ser jurídico" ainda não está suficientemente clarificada e, por outro lado, não gosto que entidades me obriguem a pensar por elas.
Como o meu caríssimo amigo gosto muito de pensar por mim. Defeitos que o nosso belo país nos fez o favor de transmitir.
Por isso é que não nos calamos... como eu agora que estou com uma tosse que,e em casa, dizem que não me calo...
Kandandu
Eugénio Almeida
Nota: o meu amigo sabe que é MN mas não se deve recordar.
Kdd
EA
Enviar um comentário