quinta-feira, dezembro 07, 2006

Enquanto uns fazem, outros simulam

Quando toca a defender a língua nada há como os ingleses, os espanhóis e os franceses. Até alemães e russos e, agora, árabes não brincam em serviço. Basta ver como o éter está cheio de satélites unicamente para transmitir canais televisivos nessas línguas. E apesar de estar cheio, ainda não estão satisfeitos. Além do éter utilizam sem a mínima mornidão os dinâmicos Centros Culturais – basta recordar os Institutos Britânico e Cervantes ou os Centros Culturais Franceses – para mostrar quão viva estão as suas línguas.

Por Eugénio Costa Almeida
In: http://pululu.blogspot.com

Ao contrário de outra que, por acaso, é a segunda ou terceira língua mais falada do Planeta. Teorias!

E como não estão satisfeitos, os franceses passaram a emitir, desde ontem, um novo canal de informação internacional contínua, o France 24; com este novo canal os franceses desejam assegurar uma maior cobertura da actualidade africana.

Pois é!

Uns fazem, outros simulam que têm um canal para África onde a maior parte dos programas são resquícios de outros já transmitidos em Portugal ou alguns pseudo-programas culturais emitidos em simultâneo para África e Portugal (e também para o canal internacional) cujo conteúdo, em muito, deixa a desejar e nada tem de orientador ou culturalmente adquirível pelas culturas africanas.

Senhores directores da RTP para espalhar a nacional-cultura portuguesa vocês têm um canal próprio: RTP Internacional.

Deixem a RTP África para os assuntos africanos ou que a África diga respeito. Não nos basta ver uma meia-hora de um pequeno jornal “Repórter”, ou saber como se fazem alguns pratos típicos africanos ou qual a música do momento ou ter um excelente programa – retransmitido com quase seis meses de atraso – como o Kandandu ou, ainda, algum pequeno tempo de antena para alguns desportos afro-lusófonos (em regra o futebol e pouco mais); nem nos chega o excelente programa que é o África Global.

Queremos muito mais.

África tem muito para mostrar. Muito do bom – felizmente o que temos mais – mas, também, o que de mau se lá passa, nomeadamente corrupção, compadrio, má-governação, etc. e sua divulgação pode ajudar a acabar, ou minorar, os seus efeitos nas populações.Por isso não surpreende que o francês e o inglês estejam paulatinamente, a se sobrepor ao português em países como a Guiné-Bissau e Moçambique.

E não me venham dizer que se deve à sua posição geo-estratégica.

Digam antes que há pouca vontade política de acabar com o pseudo-neocolonialismo tão intrínseco na esquerda portuguesa.

A esquerda portuguesa é capitalista mas como não reconhece o direito à iniciativa privada não permite que o canal para África seja realmente um canal para África e gerido em equitativa posição pelas televisões dos países afro-lusófonos.

Até lá vamos vendo uns a desenvolver e espalhar a sua língua sem amordaçar as culturas locais e outros vão fazendo de conta que têm um canal de união, mas que, na prática...Por favor, deixem de gozar com a nossa chipala.

Nota do Alto Hama: Faço minhas as palavras de Eugénio Costa Almeida

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pela retranscrição.
Bom fim de semana
Um kandandu do tamanho do mosso País.
EA

Anónimo disse...

Caro Orlando,

Estou plenamente de acordo. Há uns meses escrevi um artigo no meu blog sobre a gestão da televisão Portuguesa para a Europa. Como é que se compreende que a RTPI e a SIC internacional transmitam para a Europa em satélites diferentes? Veja-se a Itália, a Espanha, a Holanda, a Alemanha, o Reino Unido, ou mesmo a Polónia que transmitem os seus canais no mesmo satélite. Cada vez que vou a Portugal oiço comentários em que os meus filhos não falam suficientemente Português, mas a TV Cabo põe de tal maneira entraves à celebração de um contrato a quem viva na Europa que tal não promove a língua Portuguesa entre os luso-descendentes. Muitas vezes os Portugueses são os únicos no seu meio, e se casam com alguém de outra nacionalidade os filhos falarão um Português "arranhado". Depois quando vamos a Portugal ver a família, lá estão os comentários do costume...
Que os nossos governantes, ou lá o que são, se empenhem de vez nos interesses da lusofonia!