Como previsto o novo livro de Ana Paula Castro, “Sou Jornalista, Você é Árabe?” teve ontem a sua aparição pública na FNAC-Chiado. Tal como previsto foram apresentadores do romance Orlando Castro, que abordou a vertente “jornalismo”, este vosso escriba que abordou a obra em questão (conforme podem ler no blogue Alto Hama – como se para o autor não houvesse nada de mais importante em África ou em Portugal para ele analisar, do que perder o seu precioso tempo em publicar rabiscos que só interessam ao ego do autor e à simpatia da autora –) e, como a inicial e oportuna – não prevista de início – intervenção do Sheikh Munir, Imã da Mesquita central de Lisboa, que também prefaciou o romance.
Se a minha intervenção foi claramente uma abordagem do romance, como já referi, se a intervenção curta e intimista do Sheikh se relacionou com os contactos preambulares entre ele e a autora que acabaram num simbólico e objectivo Prefácio, a intervenção de Orlando Castro centrou-se num axiomático queixume sobre o actual jornalismo e como o jornalismo parece desaproveitar a cultura.
Tal como Orlando Castro constatou – e como ele, também os restantes presentes – abrangendo a obra a vertente “Jornalismo” excepto ele, que estava na mesa como orador, só estavam presente na sala (totalmente cheia, diga-se) mais dois jornalistas que lá estava não como profissionais do sector, mas como amigos da autora.
Mau, muito mau, como fez questão de relembrar Orlando Castro.
É certo, e aqui abre-se um parêntese, que a Lusa procedeu à sua divulgação para o espaço jornalístico, tal como acabou referenciado no Diário Digital. Que o Jornal de Notícias deu uma pequena informação na sua página cultural, mas, quanto ao resto, foi um deserto de quase muito nada! Naturalmente, também o Notícias Lusófonas deu o destaque que a autora merece.
É evidente que se Ana Paula Castro fosse uma pivot ou uma analista da televisão, a gula daqueles que querem tirar umas chapas ou imagens para a posteridade estariam presentes. Não estiveram e foram quanto perderam.
Na composta sala estavam lá gentes do meio político, intelectual e artísticos lusófonos, nomeadamente de Angola, Portugal e Moçambique, pelo menos que me recorde de imediato.
Por isso não surpreendeu as palavras sentidas de Orlando Castro na linha daquilo que ele vem combatendo há bastante tempo sobre a discrição do jornalismo face à forte emergência dos produtores de conteúdos, normalmente mais utilizados pela maioria dos órgãos de comunicação social.
Talvez seja mais rentável a compra do produto já feito, embora não creio que seja mais produtivo – pelo menos culturalmente –, quando se lê em alguns jornais que, por exemplo, a causa maior das mortes em Moçambique se deve à queda dos cocos, ou quando se afiança que a carta escrita pelos pais de Savimbi (infelizmente, na altura, já falecidos mas que talvez tenha emitida do além e recepcionada por uma reconhecida quiromante local, ou internacional) teve o condão de condoer os congressistas presentes num Congresso da UNITA, ou ainda que tivemos a comemoração do cinquentenário dos 40 anos dos Beatles, ou reportagens como “Os trabalhadores portugueses têm vindo a perder poder de compra face ao 30 países da OCDE”, ou o que foi dito numa televisão portuguesa ter havido “o abandono de uma criança, pela própria mãe, «quase à nascença»”, ou que “a viúva tinha o marido desempregado”, ou.. ou....
Enfim, ou seja e de uma forma livre, há quem ache ser mais interessante falar do cão mordido pelo homem que falar ou escrever sobre a sistemática violação de inúmeros direitos humanos!
Se isto é jornalismo, compreende-se o lamento daqueles que são mesmo Jornalistas que ainda se vão mantendo, estoicamente, como um dos dois convidados-presentes afirmou ontem, “estão alertas 24 horas como um médico ou um polícia”, ou aqueles que já não querendo ser meros “dactilógrafos” preferem bater com a porta e enveredar por outras profissões.
Felizmente ainda há quem vá tentando, por dentro, provar que o Jornalismo, pode ser – é – uma profissão com letra maiúscula.
Mas, até quando?
Ou será que para sobreviverem cerebralmente incólumes – reconheçamos que o corpo e a família não (sobre)vivem só do ar – terão de facto de mudar de profissão (como se isso fosse possível, dado que em alguns países ditos avançados, quem tem mais de 35 anos já é velho para mudar, ou recomeçar, e muito novo para se reformar) ou transvestirem-se de ensaístas e publicarem crónicas, artigos e entrevistas em livro porque sabem que nos principais órgãos informativos nem sempre podem-no fazer.
Ou porque colide com o poder instituído, seja a cor dele que for, ou porque as forças económicas que apoiam os ditos órgãos comunicacionais não gostam de ler notícias que não lhes seja bajuladoramente favoráveis, seja porque o país X ou Y veta determinado jornalista porque este se terá esquecido de aceitar uma qualquer, e meio choruda, lembrança para se calar ou só bem dizer dele, do país, e dos seus dirigentes.
Até quando?
Nota: Artigo de Eugénio Costa Almeida publicado no Notícias Lusófona
Tal como Orlando Castro constatou – e como ele, também os restantes presentes – abrangendo a obra a vertente “Jornalismo” excepto ele, que estava na mesa como orador, só estavam presente na sala (totalmente cheia, diga-se) mais dois jornalistas que lá estava não como profissionais do sector, mas como amigos da autora.
Mau, muito mau, como fez questão de relembrar Orlando Castro.
É certo, e aqui abre-se um parêntese, que a Lusa procedeu à sua divulgação para o espaço jornalístico, tal como acabou referenciado no Diário Digital. Que o Jornal de Notícias deu uma pequena informação na sua página cultural, mas, quanto ao resto, foi um deserto de quase muito nada! Naturalmente, também o Notícias Lusófonas deu o destaque que a autora merece.
É evidente que se Ana Paula Castro fosse uma pivot ou uma analista da televisão, a gula daqueles que querem tirar umas chapas ou imagens para a posteridade estariam presentes. Não estiveram e foram quanto perderam.
Na composta sala estavam lá gentes do meio político, intelectual e artísticos lusófonos, nomeadamente de Angola, Portugal e Moçambique, pelo menos que me recorde de imediato.
Por isso não surpreendeu as palavras sentidas de Orlando Castro na linha daquilo que ele vem combatendo há bastante tempo sobre a discrição do jornalismo face à forte emergência dos produtores de conteúdos, normalmente mais utilizados pela maioria dos órgãos de comunicação social.
Talvez seja mais rentável a compra do produto já feito, embora não creio que seja mais produtivo – pelo menos culturalmente –, quando se lê em alguns jornais que, por exemplo, a causa maior das mortes em Moçambique se deve à queda dos cocos, ou quando se afiança que a carta escrita pelos pais de Savimbi (infelizmente, na altura, já falecidos mas que talvez tenha emitida do além e recepcionada por uma reconhecida quiromante local, ou internacional) teve o condão de condoer os congressistas presentes num Congresso da UNITA, ou ainda que tivemos a comemoração do cinquentenário dos 40 anos dos Beatles, ou reportagens como “Os trabalhadores portugueses têm vindo a perder poder de compra face ao 30 países da OCDE”, ou o que foi dito numa televisão portuguesa ter havido “o abandono de uma criança, pela própria mãe, «quase à nascença»”, ou que “a viúva tinha o marido desempregado”, ou.. ou....
Enfim, ou seja e de uma forma livre, há quem ache ser mais interessante falar do cão mordido pelo homem que falar ou escrever sobre a sistemática violação de inúmeros direitos humanos!
Se isto é jornalismo, compreende-se o lamento daqueles que são mesmo Jornalistas que ainda se vão mantendo, estoicamente, como um dos dois convidados-presentes afirmou ontem, “estão alertas 24 horas como um médico ou um polícia”, ou aqueles que já não querendo ser meros “dactilógrafos” preferem bater com a porta e enveredar por outras profissões.
Felizmente ainda há quem vá tentando, por dentro, provar que o Jornalismo, pode ser – é – uma profissão com letra maiúscula.
Mas, até quando?
Ou será que para sobreviverem cerebralmente incólumes – reconheçamos que o corpo e a família não (sobre)vivem só do ar – terão de facto de mudar de profissão (como se isso fosse possível, dado que em alguns países ditos avançados, quem tem mais de 35 anos já é velho para mudar, ou recomeçar, e muito novo para se reformar) ou transvestirem-se de ensaístas e publicarem crónicas, artigos e entrevistas em livro porque sabem que nos principais órgãos informativos nem sempre podem-no fazer.
Ou porque colide com o poder instituído, seja a cor dele que for, ou porque as forças económicas que apoiam os ditos órgãos comunicacionais não gostam de ler notícias que não lhes seja bajuladoramente favoráveis, seja porque o país X ou Y veta determinado jornalista porque este se terá esquecido de aceitar uma qualquer, e meio choruda, lembrança para se calar ou só bem dizer dele, do país, e dos seus dirigentes.
Até quando?
Nota: Artigo de Eugénio Costa Almeida publicado no Notícias Lusófona
1 comentário:
Ah! e já agora acrescenta esta máxima do ExpressoOnline: "Este ano ouve menos chumbos a Matemática". (vê no Pululu)
Ainda bem que os anos "houviram" o Ministério madálos estudar...
Até quando?
Kdd
EA
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