De vez em quando aparecem textos na Imprensa portuguesa que dizem o que há muito é dito, entre outros sítios, aqui no Alto Hama. Mais vale tarde do que nunca.
O Público diz agora que “uma nova vaga emigratória escolhe Angola como destino. É incentivada pelo Governo a fugir da crise em Portugal. Faz o percurso inverso dos que partiram nos anos 1960, chegando a um país onde a liberdade de expressão é limitada, a corrupção é endémica e as opiniões políticas ficam dentro de casa”.
Tal como a RTP, grande parte da Imprensa portuguesa ou tem falta de espaço ou de tempo para dizer as verdades. E esse tempo e espaço dependem igualmente da concepção que os donos dos jornalistas, e os donos dos donos, têm da liberdade em geral e da de Imprensa em particular.
Por falta de tempo pouco ou nada se diz sobre o facto de 68% dos angolanos serem afectados pela pobreza, de a taxa de mortalidade infantil ser a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças.
Ou ainda sobre o facto de: Apenas 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico;
- Apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade;
- 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos;
- A taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação é agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino;
- 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos;
- A dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos;
- 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda;
- O acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
- O presidente do país, José Eduardo dos Santos, está há 32 anos no poder sem nunca ter sido eleito.
De qualquer modo, mesmo com a cobertura de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, é preciso ter cuidado. Essa coisa de quando o Governo não dá para mais nada, embarcar para Angola e espoliar mais uns pretos, não funciona.
E depois, no momento da fuga (sim, que a maioria não vai para ficar), não podem contar com a mesma cobertura. É que nessa altura já os responsáveis zarparam para um dos muitos paraísos que têm à sua disposição.
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