O anterior governo português decretou a obrigatoriedade de instalação de um dispositivo electrónico (chip) de matrícula em todos os veículos motorizados, garantindo estar salvaguardada o "direito à privacidade" e a protecção dos dados pessoais.
O actual executivo, agora liderado por Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, deveria seguir a metodologia de José Sócrates (e certamente não lhe faltariam apoios) e decretar igual aplicação em todos os jornalistas (e são cada vez menos) que teimam em pensar com a cabeça e não com a barriga.
Seria, aliás, um alívio para todos os empresários da praça lusitana que, creio, até poderiam retirar algum dinheiro aos trabalhadores para dar aos partidos.
Como sempre, mesmo no desemprego, vou estar do lado dos que consideram que dizer o que pensamos ser a verdade é a melhor qualidade das pessoas de bem. Pessoas de bem onde, para nosso penar, é cada vez mais difícil incluir empresários e jornalistas.
E o que em tempos era um trunfo (a memória) hoje é algo supérfluo. E se calhar não há nada a fazer. Para quê ter memória se, sem ela, os autómatos fazem o que é exigido por alguns empresários ao jornalismo(?) moderno de produção de textos de linha branca.
Vem isto a (des)propósito das teses vigentes um pouco por todo o lado, nomeadamente nos órgãos públicos (Governo, Parlamento e similares) que apontam para a necessidade de os jornalistas serem formatados (Fernando Lima chama-lhe domesticação), com ou sem chip, consoante os interesses (económicos, políticos e similares) dos donos do Poder.
Se calhar, como me dizem ex-jornalistas que hoje são assessores, directores, administradores, deputados etc., o melhor era aceitar a derrota e na impossibilidade de os vencer, juntar-me a eles.
Seria com certeza uma boa opção. Não estaria certamente no desemprego. O mal está, digo eu, que só é derrotado quem deixa de lutar. E, pelo menos para já, tenho mesmo de afirmar que a luta continua.
E continua porque, ao contrário dos donos do poder e dos lacaios ao seu serviço, continuo a lutar para que a imprensa não seja o tapete do poder, tenha ele as cores ou a denominação social que tiver.
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