A vitória eleitoral do MPLA permitirá dar continuidade à execução dos programas concebidos pelo partido, sobretudo na área social, considerou hoje, em Luanda, o vice-presidente da Assembleia Nacional, João Lourenço.
Tem toda a razão. Só assim será possível dar continuidade ao programa que mantém perto de 70% de angolanos a viver na miséria; em que a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças; em que só 38% da população tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico; em que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade; em que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos.
“Se os eleitores nos derem essa oportunidade, poderemos concluir com o nosso trabalho e pensamos que esta é a posição mais justa”, disse o ex-secretário-geral do MPLA, quando falava à imprensa no término da IV sessão ordinária do Comité Central do partido.
Tanta modéstia até é comovente. João Lourenço sabe bem que, com extrema facilidade, o MPLA só não terá uma vitória superior a 100% se o não quiser.
Segundo João Lourenço, há muitos países do mundo que depois de uma guerra destruidora de cerca de 40 anos conseguiram, em pouco tempo, realizar as acções feitas em Angola, sobretudo na área social e na reparação de infraestruturas.
Guerra de 40 anos? Sim, claro! Provavelmente 40 anos (ou até mais) em que nada se construiu e o pouco que havia foi destruído. Todos sabem, aliás, que quando o poder foi entregue por Portugal numa bandeja de corrupção ao MPLA, Angola era um imenso deserto ou, aqui e acolá, um amontoado de escombros.
Todos sabem que, a 11 de Novembro de 1975, Angola não tinha estradas, hospitais, aeroportos, hotéis, fábricas, prédios etc. Não tinha mesmo nada. Por isso, o que hoje existe é tudo obra do MPLA.
Na abertura da reunião, o presidente José Eduardo dos Santos disse que o MPLA e a sua direcção não temem expor-se à avaliação e ao veredicto em eleições periódicas, onde o confronto de ideias se faça de maneira aberta, plural, honesta e civilizada, podendo cada um expressar livremente as suas opiniões e anunciar os seus programas e ideais.
Eduardo dos Santos retirou estas frases dos programas eleitorais de países democráticos, coisa que Angola não é. Mas isso também não é relevante. Ou por outras palavras, Angola é nesta altura um raro paradigma de democraticidade, a ponto de que até os mortos votam.
“E é por estarmos conscientes de que o programa do nosso partido exprime a vontade do povo que partimos sempre para qualquer disputa política com a certeza da vitória”, disse o presidente e dono do país.
E disse muito bem. Aliás, mesmo antes da votação já Eduardo dos Santos definiu a amplitude da vitória do MPLA. O resto é só para compor o ramalhete.
1 comentário:
O MPLA Afina a Máquina
A MPLA afina a máquina
para as próximas eleições.
Já tem cães e porretes,
polícias com resistentes cacetetes,
muitas armas e munições,
tanques de guerra e aviões,
jornais, rádios e televisões.
E tem vinho em muitos garrafões
para oferecer aos sobas bebedores,
com capacidade de influenciar os eleitores.
Tem carros, bicicletas, motorizadas
e, sobretudo, LandRovers,
para ofertar aos maiores
reis de segunda categoria
que jurarem fidelidade à carnavalesca democracia.
E tem as máquinas de contar votos
de marca Pingalim
que trabalham assim:
os votos nos outros
são para ignorar,
os no MPLA contam a dobrar ou a triplicar.
E, se ainda houver confusões,
também têm a Presidente da Comissão das Eleições
para garantir com toda a certeza
de que não ocorrerá qualquer surpresa.
António Kaquarta
http://miradourodoplanalto.blogspot.com
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