Porque muitos, cada vez mais, fogem sem pensar, é preciso que alguns malucos (cada vez menos) pensem sem fugir. Será?
Mas se pensar não enche barriga, não dá emprego e não paga o empréstimo da cubata, não será melhor zarpar?
Na sociedade portuguesa são exigências basilares para encontrar, ou manter, emprego, o cartão do partido, os jantares com o chefe ou a prenda de anos no aniversário do director.
É claro que nas listagens das condições basilares não se encontra nenhuma referência à competência. Aparecem sim, e não é por erro ortográfico, indicações de que o futuro passa por algo que rima com competência, mas apenas isso: subserviência.
Num ou noutro caso aparece outra rima, esta meritória: transparência. Não se explica, contudo, como é que tal é possível se os seus agentes são opacos.
Até há pouco tempo, a escolha de profissionais cuja principal arma laboral fosse a cabeça parecia séria mas não era. Hoje, contudo, não parece nem é.
Hoje, sejam empresas do Estado ou privadas, o ambiente é de valorização exponencial do aparente, do faz de conta, do travesti profissional que veste a farda que mais jeito dá ao capataz de serviço.
O presente é, ou parece ser, de todos aqueles que às segundas, quartas e sextas são do PS, às terças, quintas e sábados do PSD e ao domingo negoceiam com o CDS, com o BE e com o PCP.
Pelo meio deste circuito aparecem, sobretudo quando as eleições alteram algumas moscas, velhos sipaios de farda nova que acalentam a esperança de serem chefes de posto.
Tal como os chefes de posto, também com nova indumentária, querem algo mais pelos altos serviços prestados a bem da nação. Querem e conseguem, mesmo que no lugar da assinatura da filiação partidária tenham de pôr a impressão… digital.
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