Se, como diz Passos Coelho, "uma nação com amor próprio não anda de mão estendida", um português com amor próprio também não.
E para que um cidadão não ande, apesar da barriga cada vez mais vazia, de mão estendida, o melhor que tem a fazer é aprende a viver em silêncio sem comer ou, em alternativa, estender a mão mas tendo entre os dedos uma pistola.
O primeiro-ministro, na versão Pedro Miguel Passos Relvas Coelho, defendeu hoje que ao executar o programa de assistência está a fazer o que se pede ao governo "de um país honrado" e que se os compromissos forem cumpridos, Portugal "volta-se a erguer".
Tem razão. Se os portugueses cumprirem o que quer o governo não voltarão a erguer-se, mas permitirão que os donos do país continuem bem direitos e a viver à grande, seja nas ocidentais praias lusitanas ou em qualquer outro paraíso, fiscal ou não.
"A cada 15 dias destes debates, começa a faltar imaginação para pôr questões e mostrar pontos de vista", afirmou Passos Coelho, depois de ter sido confrontado no debate quinzenal no Parlamento pelo líder do PCP, Jerónimo de Sousa, com o "calvário para as populações" que representam as medidas de austeridade.
Qual calvário, qual austeridade. Alguém acredita que a vida dos mais de 800 mil desempregados, dos 20 por cento de pobres e dos outros 20 por cento cuja grande ambição é terem comida no prato, é um calvário?
Só o ano passado foram encontrados mortos em casa 2.872 cidadãos. Alguém acredita que foi por causa da austeridade?
Na abertura do debate quinzenal, Jerónimo de Sousa considerou que "a vida está a dar razão" ao PCP e que as consequências para o país "do pacto de agressão" são "um calvário para as populações".
"Um novo recorde de desemprego, com mais uns milhares empurrados para a vida precária, muitos para a miséria e para a pobreza", assinalou o deputado do PCP, que acusou o Governo de "esconder a realidade" com "o matraquear da ideologia".
Será que o PCP ainda não percebeu que não adianta contestar as teses de quem é dono da verdade? De quem é o “querido líder” de um regime esclavagista?
Na resposta, Pedro Miguel Passos Relvas Coelho acusou os comunistas de aproveitarem "casos que são dolorosos e o custo que tem para os portugueses a situação em que o país mergulhou" e defendeu que "a verdade" é que o Governo está "a apresentar resultados e a defender os portugueses da crise que se está a abater".
É assim mesmo. Um “querido líder” é isso aí. Retira os amigalhaços da confusão, trata a plebe como ela deve ser tratada e assim garante a apresentação de resultados.
O primeiro-ministro pediu ainda "honestidade" ao secretário-geral comunista: "A situação a que o país chegou não se deve, com certeza, a vários anos da minha governação". É claro que não. Aliás, o PSD só ontem (ou terá sido só hoje?) é que chegou ao governo de Portugal.
Por alguma razão Cavaco Silva (julgo que pertence ao PSD) só foi primeiro-ministro de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995.
"Uma nação que tem amor próprio não anda de mão estendida, nem a lamentar-se, cumpre os seus compromissos e volta-se a erguer, é esse o custo que o país sabe que tem de cumprir para sair da situação em que está e os portugueses terão muito orgulho em poder fazê-lo, porque não querem manter, como tiveram nos últimos dez anos, uma economia que não cresce e um desemprego a crescer continuamente", declarou Pedro Miguel Passos Relvas Coelho.
Na verdade os portugueses estão com Passos Coelho. E, para isso não vão andar de mão estendida (têm orgulho próprio) e vão conseguir atingir o desiderato requerido pelo Governo. Como? Morrendo, por exemplo. Mas, neste caso, a culpa não será com certeza do Governo porque este está a fornecer-lhes todos os instrumentos para terem sucesso…
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