Os jornalistas em fase de domesticação têm sido acompanhados por seguranças e assessores nas deslocações dentro do local da Cidadela de Cascais onde hoje decorre a conferência "Nascer em Portugal", promovida pelo Presidente da República portuguesa, Cavaco Silva.
Os jornalistas ainda não tiveram oportunidade de colocar perguntas a Cavaco Silva, tendo tentado fazê-lo à entrada do Chefe de Estado no edifício, mas sem sucesso.
A assessoria de imprensa do presidente disse à Lusa que a Cidadela de Cascais é um espaço da Presidência e "aplicam-se as mesmas regras que no Palácio de Belém", onde os jornalistas também são conduzidos para as salas e entre as salas.
Há ainda "constrangimentos" devido à elevada participação na conferência, com cerca de 100 participantes, assim como "algumas dificuldades de espaço de circulação", referiu o responsável da assessoria de imprensa do Presidente.
Nas salas onde se realizam as pausas para café "há condicionamentos", acrescentou, referindo que as salas são pequenas.
A conferência "Nascer Portugal" acontece um dia depois do Presidente da República ter cancelado uma visita à escola secundária António Arroio, onde dezenas de alunos o esperavam com cartazes com frases como "sem internet", "fim do passe escolar" ou "sem refeitório".
O cancelamento em cima da hora da visita, devido a um "impedimento", terá sido inédito desde que Cavaco Silva foi eleito para a Presidência da República, acontecendo na mesma escola em que 2009 o então primeiro-ministro José Sócrates foi recebido com protestos e vaias.
Mas que Cavaco é o maior, lá isso é. Está a pôr em prática os conselhos do seu consultor político e seu ex-assessor de imprensa, para quem "uma informação não domesticada constitui uma ameaça".
Situemo-nos. Num artigo de opinião publicado no primeiro número da versão brasileira da revista Campaigns & Elections sobre "a importância da agenda", Fernando Lima assume o que todos já sabiam que era há muito tempo, um criado de luxo do poder.
E isto só lá vai com domesticação. Desde logo porque, ao contrário do que seria de esperar, os “macacos” (que são cada vez mais) não estão nos galhos certos (que são cada vez menos).
A promiscuidade na sociedade portuguesa está de pedra e cal. Na Comunicação Social todos a querem independente mas, como é hábito, controlam essa independência pelos mais diferentes meios, sejam económicos, partidários ou outros.
O jornalismo que vamos tendo, qual reles bordel, aceita tudo e todos. No entanto, reconheça-se, os jornalistas sempre podem ser deputados. Vá lá! Maria Elisa Domingues, Vicente Jorge Silva, Ribeiro Cristóvão foram exemplos de como, em Portugal, num qualquer galho cabe sempre mais um macaco.
É claro que o Jornalismo português não é isso. Mas também é claro que o “nosso” jornalismo é também isso. É e será enquanto os Jornalistas não colocarem a casa em ordem... Mas isso dá muito trabalho e rende pouco.
É muito mais vantajoso e lucrativo ser criado de luxo do poder, como é bem exemplificado por Fernando Lima. E depois das diferentes comissões de serviço sempre poderá ser administrador de uma qualquer empresa, pública ou privada.
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