O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, apelou, em Luanda, aos angolanos para continuarem a defender a democracia, os direitos e liberdades individuais e a enfrentarem o futuro com coragem e determinação.
Gostei de saber. É sempre politicamente relevante fazer um discurso para fora, omitindo que do lado de dentro as coisas não são bem assim. É, mais ou menos como faz o MPLA, dizer: olhai para o que eu digo e não para o que eu faço.
Isaías Samakuva pronunciou-se na cerimónia de cumprimentos de fim de ano da UNITA, realizada nas instalações da Liga Angolana de Amizade e Solidariedade para com os Povos, na presença de membros da sua Comissão Política, deputados à Assembleia Nacional, entre outros militantes.
"Precisamos de continuar a defender a democracia e um Estado que utilize esta democracia para reduzir as desigualdades socioeconómicas e promover o desenvolvimento humano", disse Samakuva, reeditando lugares-comuns que, apesar disso e infelizmente, não perdem actualidade.
De qualquer modo, creio que não seria mau que a UNITA desse, a partir de dentro e por dentro, exemplos de que afinal há mesmo alguma coisa que a distingue do MPLA. As palavras são boas, mas a acções continuam a deixar muito a desejar.
Na óptica de Samakuva, a promoção da democracia permitirá a aprovação de uma Constituição consensual e que protege os interesses de todos os angolanos. Pois é. E lá volto à necessidade de dar o exemplo, de mostrar que a UNITA prefere ser salva pelas opiniões diferentes do que assassinada pelos elogios das famintas sombras internas.
Dizem-me que, à margem da cerimónia de cumprimentos de fim de ano, foi apresentada a obra “Jonas Savimbi, discursos e entrevistas (1976-1991)” volume I. Trata-se de um livro de 196 páginas que contém discursos, entrevistas, documentos, cartas e um álbum de fotos do primeiro presidente da UNITA.
Espero, já agora que estamos numa época de ingenuidade natalícia, que os actuais dirigentes da UNITA leiam o livro. Se o fizerem aprenderão as grandes lições do Mais Velho. Que bom seria...
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