De acordo com a Resistência em Cabinda, no passado dia 22 foi concretizada uma acção militar no sector de Miconje contra as Forças Armadas de Angola (potência ocupante) que causou a morte a 15 soldados das forças governamentais angolanas.
Diz ainda a FLEC que a operação é apena o inicio de uma série de acções orientada que vão continuar sem interrupção em Cabinda.
Tanto quanto se sabe, e sempre assim foi, os militares angolanos morreram num mero acidente de automóvel quando passeavam pela calma e de há muito pacificada Cabinda.
Tal como disse quando, em Setembro, a FLEC reivindicou a morte de 12 soldados da força ocupante (Angola), Luanda mantém que o território está pacificado desde a assinatura do Memorando de Entendimento de Agosto de 2006, que envolveu o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), de Bento Bembe, e outras associações, mas não a FLEC.
Utilizando velhas técnicas, Luanda vai dizer que estas e todoas as mortes se devem a acidente de viação ou de outras situações, como zaragatas e banditismo, acrescentando que a FLEC "aproveita para empolar" numa tentativa de fazer passar a ideia para a comunidade internacional de que está activa.
Mas como se apanha com mais facilidade um mentiroso do que um coxo, recordo que o ministro da Defesa de Angola, Kundi Paihama, reconheceu no dia 20 de Abril deste ano, em Lisboa, que há militares da FLEC que ainda não "abraçaram a razão", e que por isso “continuam a fazer da luta armada uma forma de sobrevivência”.
“Abraçar a razão” significa, de acordo Kundi Paihama, seja em Cabinda ou em Angola, ser e estar com o MPLA.
"Ainda há restos das forças, pessoas das FLEC, que não abraçaram a razão, mas não se trata de qualquer força que possa impedir o curso da situação. São grupos de pessoas manipuladas por interesses que já conhecemos", disse na altura Kundi Paihama numa conferência de imprensa com o seu homólogo português.
Assim, em Angola existe um dono da verdade – o MPLA. Tudo o resto são angolanos de segunda que não têm direito a defender o que pensam ser também a verdade. Por outras palavras, tanto os cabindas como os angolanos têm de comer e calar se não quiseram que Kundi Paihama os considere manipulados.
Cabinda é um território ocupado por Angola e nem a potência ocupante como a que o administrou pensaram, ou pensam, em fazer um referendo para saber o que os cabindas querem. Seja como for, o direito de escolha do povo não prescreve, não pode prescrever, mesmo quando o importante é apenas o petróleo.
É claro que tanto Angola como Portugal apenas olham para Cabinda como um negócio altamente rentável. Se o território fosse um deserto, certamente já seria independente. Mas, ao contrário das teses de Luanda e Lisboa, Cabinda não é só petróleo. É sobretudo gente, pessoas, povo, história e cultura.
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