Medina Carreira acha que a juventude portuguesa está cada vez mais rasca. “O que é que se vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga”, diz ele do alto de uma sabedoria parcelar e, por isso, vesga.
Uma visão correcta deveria, digo eu, referir também aqueles patrões (e não são tão poucos quanto isso) que para contarem até 12 têm de se descalçar. Ou, ainda, aqueles a quem o Euromilhões bateu à porta e compraram uma rádio para só passar fandango...
Quanto aos jovens, não creio que saiam da escola sem saber ler e escrever. Tenho exemplos perto que me dizem o contrário. Creio, aliás, que se todos soubessem ler e escrever bem, Portugal teria alguma dificuldade em ter deputados.
Mas, dando o benefício da dúvida a Medina Carreira, importa dizer que a muitos dos patrões “made in Portugal” interessa exactamente que os jovens sejam a tal “tropa-fandanga”.
Desde logo porque ter como empregado alguém que, ao contrário do patrão, assine documentos sem ter de pôr a impressão digital é uma chatice.
E como se isso não fosse suficiente, o que muitos desses patrões querem não é gente que saiba mais, que faça melhor. Querem autómatos incultos, de coluna vertebral amovível, de formação medíocre que, para além de serem baratos, façam tudo sem questionar seja o que for.
1 comentário:
E nisso Orlando, somos os campeões de Europa!
Porque raio tínhamos de ter, o Bilderberg da informação em Portugal?! o Balsemão?
Claro que os outros 600 "inimputáveis" (está na moda este adjectivo, mas que não deixa de servir como uma luva, aos masters Bilderberg) :)) aproveitam para fazer cá as suas experiências para ver até onde pode ir a ignorância... O patronato dá altos de contentamento.
Eu digo-lhe uma coisa... assim não vai lá.
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