sexta-feira, dezembro 04, 2009

Liberdade para não ter liberdade

Nos fundamentos para a constituição da Federação de Jornalistas de Língua Portuguesa, como é referido no texto anterior, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) portugueses aponta, entre outros, a “partilha de um indeclinável amor pela liberdade de expressão e uma responsável defesa dos direitos, liberdades e garantias das pessoas e dos povos”.

Acrescenta o SJ que a “a imprensa livre é um elemento estruturante, sem o qual não é possível edificar uma sociedade justa e progressiva, cabendo aos jornalistas o papel histórico da mediação entre quem discute, planeia e executa as transformações e os povos aos quais estas se dirigem”.

Considerando que, “no contexto da globalização, da concentração dos meios de informação e da formação de conglomerados de comunicação, os problemas da liberdade de expressão não se cingem hoje às fronteiras deste ou daquele país, colocando-se, pelo contrário, em escalas e em complexidade cada vez maiores”, o SJ e as organizações suas congéneres estão convictos de que “tais condições reclamam hoje respostas mais amplas e mais eficazes, convocando a cooperação fraterna entre organizações profissionais e a solidariedade na acção, valores que os jornalistas seguramente comungam, mas a que urge dar conteúdo concreto”.

É interessante ver o idealismo do SJ, certamente partilhado pelas outras organizações similares, a propósito de uma profissão, ou actividade laboral, que todos sabemos estar em vias de extinção.

Aliás, nos fundamentos apresentados é fácil verificar que não passam de utopias, mesmo num país que se libertou da ditadura em Abril de 1974. Quanto mais distante está, em termos temporais, dessa ditadura... mais perto está dela em matéria de facto.

Se algumas dúvidas andarem por aí, veja-se o ranking da liberdade de imprensa nos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa para, de forma inequívoca, se perceber que a liberdade dos jornalistas termina onde começa a liberdade dos donos dos órgãos de comunicação social e, também, a liberdade dos donos dos donos.

Ou seja, a única liberdade que os Jornalistas ainda têm é a de não terem liberdade.

1 comentário:

Anónimo disse...

http://ofimdademocracia.blogspot.com/


Agora percebe-se, porque os jornalistas do lado do mal, conseguem mudar o rumo do País!
Basta serem "esquecidos". O povo também o é!