quinta-feira, dezembro 17, 2009

Lisboa e Pinto da Costa contra o Porto

O presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, afirmou esta quinta-feira que a transferência da prova Red Bull Air Race para Lisboa demonstra que «o tão falado prestígio do presidente da Câmara do Porto é falso». Lisboa 2, Porto 0.

Numa declaração enviada à Lusa, Pinto da Costa diz que esta «é uma situação normal». O líder dos dragões sublinha ainda que o «prestígio nacional do presidente da Câmara Municipal do Porto é falso».

Aproveitar a força centrípeta de Lisboa para, a partir do Porto, atacar o presidente da Câmara portuense, esquecendo inclusive que no processo também está o autarca de Gaia, é uma boa forma de – a propósito de guerras politico-futebolísticas - dar uma mãozinha (mais uma) à macrocefalia da capital.

Para o presidente do Futebol Clube do Porto, «fica dada mais uma prova» da «inferioridade negocial» do autarca «quando a disputa é com Lisboa, perdendo até uma das suas maiores bandeiras populistas que era a realização desta prova», revela o comunicado.

O presidente da Câmara Municipal do Porto está, de há muito, ou seja desde a sua primeira campanha eleitoral para a autarquia, em rota de colisão com todos os interesses instalados. Rui Rio ainda não ganhou a guerra da moralização da vida pública, mas para lá caminha, por muito que isso custe a muita, também boa, gente.

Rui Rio quer (e bem, na minha opinião) que cada macaco esteja no seu galho. Futebol é futebol, política é política. Prioridades são prioridades. Cultura é cultura. Se assim não for, e há muito que não é assim, continuaremos a ter uma perigosa promiscuidade onde não se sabe quem é quem, quem representa o quê.

De há muito que os portugueses se habituaram a ver os agentes da vida pública todos misturados numa orgia colectiva que, cada vez mais, mostra que a moralidade e a equidistância são valores pouco relevantes para um país que está acostumado a jogar no sistema de todos a monte e fé em Deus.

Para comprovar tudo isso nem é preciso apelar à memória (também ela um valor irrelevante na nossa sociedade), basta olhar todas as semanas para as bancadas VIP dos estádios de futebol. Políticos pigmeus e pigmeus políticos (entre outros) lá estão, a propósito de tudo e de nada, em bicos de pés para que todos os vejam. E então quando isso acontece com um campeão... é a cereja no cimo do bolo da promiscuidade.


Dir-se-ia que, mais uma vez, não basta ser sério. Também é preciso parecê-lo. Mas, infelizmente, algumas das nossas figuras públicas nem são sérias nem parecem sê-lo. Nem estão, acrescente-se, preocupadas com isso.

E quando, o que é raro, aparece um político como Rui Rio a dizer que a obra-prima do Mestre não é a mesma coisa que a prima do mestre de obras, logo surgem os arautos da desgraça a dizer que o Carmo e a Trindade (que são mesmo do Porto) vão cair.

Foto: Luís Rosa

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu segui todos os passos no blogue da associação comercial do Porto... Uma desonestidade espantosa!
O poder Central a única coisa em que se baseia, é na cobiça! Já agora espero que conheçam o Porto Calem... e não se calem!
Está neste link, o gráfico do financiamento do turismo por cidades... VERGONHOSO!

http://associacaocomercialdoporto.blogspot.com/2009/12/instituto-de-turismo-2008-por-distritos.html