O ministro angolano sem pasta, Bento Bembe, responsável pela área dos direitos humanos, disse hoje à Lusa que considera a Human Rights Watch (HRW) como uma organização "credível" mas com uma ideia errada do país nos dias de hoje.
Tem toda a razão. Angola nos dias de hoje é apenas aquilo que a propaganda oficial do regime do MPLA, que manda no país desde 1975, diz que é. Quem duvidar está, obviamente, errado. Angola não deve ser vista pelos olhos dos angolanos mas, isso sim, segundo a cartilha do regime, tal como há dez, vinte ou trinta anos.
A dois dias da realização da Conferência Nacional Sobre Direitos Humanos, que decorre quinta e sexta-feira em Luanda, António Bento Bembe, reagindo aos constantes alertas da HRW sobre o desrespeito pelos direitos humanos no país, afirmou que a organização "devia fazer mais cuidado com as informações que recebe" e que "poderia facilmente verificar serem falsas".
É verdade. Se há no mundo algum país que respeita os direitos humanos, esse país só pode ser Angola. Bento Bembe tem mesmo razão. É que o desrespeito que existe em força em todos os cantos e esquinas não atinge os angolanos. Sendo que angolanos só são os do MPLA...
"Nós temos mantido contactos com a HRW, encontros para abordar assuntos ligados aos direitos humanos e para explicar e aconselhar os nossos amigos dessa organização para, muitas vezes, prestarem mais atenção a informações que recebem que são falsas para não perderem a credibilidade porque esta é uma organização credível", apontou Bento Bembe.
Ninguém compreende o MPLA. E por isso é falso que a taxa estimada de analfabetismo seja de 58%, enquanto a média africana é de 38%. É falso que a malária continue a ser a causa de morte número um, seguida da tuberculose, da desnutrição, da tripanossomíase e a hipertensão.
É falso que Angola disponibilize apenas 3 a 6% do seu orçamento para a saúde dos seus cidadãos, dinheiro que não chega sequer para atender 20% da população, o que torna o Serviço Nacional de Saúde inoperante e presa fácil de interesses particulares.
É falso que a política habitacional seja um desastre, que a justiça esteja subserviente ao poder executivo e a corrupção esteja institucionalizada. Também é falso que ao invés de um Estado de Direito, Angola seja um Estado patrimonialista, mal governado, com um baixo índice de desenvolvimento humano, onde os jornalistas (apenas os que não escrevem a verdade oficial) ainda são presos.
É falso que mais de 80% do Produto Interno Bruto seja produzido por estrangeiros; mais de 90% da riqueza nacional privada tenha sido subtraída do erário público e esteja concentrada em menos de 0,5% de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos.
É falso que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos Bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos Blocos petrolíferos, esteja limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
É falso que ao invés de promover a unidade nacional, o Governo aumenta o fosso entre ricos e pobres, promova as desigualdades e institucionalize a exclusão social.
Em resumo: façam o favor de ler a cartilha do MPLA e seguir os conselhos de Bento Bembe. Ok?
1 comentário:
Bom, do mal o menos.
Para já, eles já os consideram credíveis.
Algo parece estar a mudar num certo reino...
Abraços
EA
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