sexta-feira, dezembro 25, 2009

Comovente generosidade do MPLA

Bom Natal para ex-militares angolanos. 15 196 vão beneficiar (o que é obra!) em 2010, de charruas, carroças, sementes agrícolas diversas e fertilizantes, para o reforço da capacidade de produção agro-pecuária nas comunidades rurais dos 11 municípios da província do Huambo.

A entrega destes instrumentos de trabalho enquadra-se na implementação do programa do governo de reforço à reintegração dos ex-militares, lançado no dia 21 deste mês na comuna de Tchipipa (Huambo).

Presumindo que tamanha generosidade do MPLA (partido no poder em Angola desde 1975) também abarcará ex-militares da UNITA, atrevo-me a perguntar: Terá valido a pena ser militar da UNITA? Terá sido para isto que o mais Velho tanto lutou?

As perguntas são minhas embora julgue serem comuns a muitos desses soldados.

Terá sido para isto que tantas vezes, em Umbundu (mas não só) Jonas Savimbi dizia «ise okufa, etombo livala»? (em português, prefiro antes a morte, do que a escravatura).

Num cenário em que os poucos que têm milhões continuam a ter cada vez mais milhões e em que, no mesmo país, muitos milhões não têm sequer o que comer, não me custa a crer que a linguagem das armas volte a ser equacionada.

Mal por mal, antes a morte do que a escravatura. E se antes foi o tempo dos contratados e escravos ovimbundus ou bailundos irem para as roças do Norte, agora é o enxovalho para ter “peixe podre, fuba podre… e porrada se refilares”

«Sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!»: Morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados, ou ser escravos na terra que ajudaram a, supostamente, libertar.

Até quando?

1 comentário:

ELCAlmeida disse...

Meu caro, sem ironia e qualquer hipocrisia, ainda assim é preferível que recebam as charruas e as sementes - mas todos, e não só quem eles querem - do que manter no limbo da pobreza indisfarçável a que muitos dos nossos compatriotas se mantém em (sobre)vivo.
Antes esta efémera amostra de salutar trabalho, do que nada. Muitos agricultores se tornaram em grandes capitalistas. Basta ver como alguns até mandam matar cabeças de gado para os seus (deles) cães se alimentarem...
Kandandu e continuação de umas possíveis (como Oliveira o quer) Boas Festas
Eugénio Almeida