segunda-feira, janeiro 18, 2010

Demita-se e cale-se, ou cale-se e demita-se!

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho afirmou hoje que o Governo acompanha com a «atenção normal» a situação na província angolana de Cabinda, defendendo que o importante é a detenção de responsáveis de ataques criminosos.

Não está nada mal. Até parece que, para os donos do reino lusitano, falar de Cabinda ou de Zoundwéogo é exactamente a mesma coisa. Lisboa esquece-se que os cabindas, tal como os angolanos, não têm culpa que as autoridades portugueses tenham, em 1975, varrido a merda para debaixo do tapete.

Quando interrogado sobre se o Governo português considerava preocupantes as notícias de detenções de figuras alegadamente ligadas ao movimento independentista na província angolana de Cabinda, João Gomes Cravinho afirmou que «preocupante é quando há instabilidade e violência, como aconteceu com o ataque ao autocarro da equipa do Togo» a 8 de Janeiro de 2010.

Sim, é isso aí. Portanto, o MPLA pode prender quem muito bem quiser (e quer todos aqueles que pensam de maneira diferente) que terá, como é óbvio, o apoio e a solidariedade das autoridades portuguesas.

Creio, aliás, que tal como fez em relação a Jonas Savimbi depois de este ter morrido, Gomes Cravinho não tardará (provavelmente só está à espera que eles morram) a chamar Hitler, entre outros, a Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanso Tati, Jorge Casimiro Congo, Agostinho Chicaia, Martinho Nombo e Raul Danda.

João Gomes Cravinho explicou que, «em relação ao mais» Lisboa acompanha o que se passa «pelas vias normais», isto é, pela comunicação social e pelos relatos feitos pela embaixada portuguesa.

Ou seja, Portugal está-se nas tintas. E quando Cravinho diz que Lisboa acompanha o que se passa pelos relatos feitos pela embaixada portuguesa está a esquecer-se que a embaixada lusa se limita, hoje como ontem, a ampliar a versão oficial do regime angolano.

Como se já não bastasse a bajulação de Lisboa ao regime angolano, ainda temos de assistir à constante passagem de atestados de menoridade e estupidez aos portugueses por parte do secretário de Estado João Gomes Cravinho.

7 comentários:

Anónimo disse...

POIS MEU CARAO DR.ORLADO CASTRO, ESTE CRAVINHO É MAIS UM DO SISTEMA.
TAMBEM RECEBERÁ ALGUMAS BENECES DO MPLA.
SOU PORTUGUES, E DEFENDO CABINDA LIVRE DE ANGOLA.
CARLOS BRANDÃO

Anónimo disse...

Demoacracia


Há pessoas disléxicas
pronunciando democracia
em vez de demoacracia.
As outras pessoas não compreendem
as suas mensagens proféticas
mas votam nelas, convencidas
de que essas eloquências extraordinárias
não favorecem as muito ricas contas bancárias,
nem atentam contra a homeostasia
dos direitos de cidadania.

Jose Filipe Rodrigues

Anónimo disse...

O Cantor de Intervenção


O Malaquias Convencido
dizia a toda a gente
que era um cantor de intervenção
e até rimava palavras:
viva o nosso Prêsidentê
e o Ministro dá Informação
qui istão à fazer a rêvôlução.
E o Presidente ordenou
que lhe oferecessem
uma migalha de pão.
O Malaquias Encorajado
continuou a cantar:
viva a paz e a igualdadê,
viva a alêgria e a fráternidádê,
viva a justiça e a rêvôlução.
O Presidente ordenou
que metessem o Malaquias na prisão

Consulino Desolado

Gil Gonçalves disse...

Enquanto existir a santa oposição que mais parece uma igreja onde os militantes rezam, pedem desejos ao Senhor.
E infelizmente os argumentos oposicionistas em Angola não convencem. Têm medo de virem para as ruas manifestarem-se. Oposição tem que vir para a rua, não é?! Onde já se viu manifestações assim… só mesmo em Angola. Se forem proibidas e os opositores perseguidos – mas que grande descoberta – resta-lhes a luta clandestina. Mas as chefias oposicionistas têm bons empregos e decerto não os quererão perder com receio de ficarem na oposição desempregada. À oposição falta-lhe oratória. Do tom das vozes saem-lhes lamentos, murmúrios titubeantes, gaguez e indecisão. Para convencerem terão que ser pelo menos como os dois angolanos Agostinho Neto e Jonas Savimbi. Têm que aprender a arrastarem multidões, senão nada feito.

Roth disse...

Preocupante para este sr. Cravinho é "quando há instabilidade e violência". Esta, a que vem da FLEC. A outra, a instabilidade e violência que vem do MPLA e do governo não preocupa o senhor secretário Cravinho. Que todos os cabindas acabem nas masmorras da nova DISA, isso não preocupa o sr. secretário de estado. Aliás, quantos angolanos e até protugueses já apodreceram nas prisões do governo do MPLA? Mas isso foi somente a bem da estabilidade e para acabar com a violência, não foi sr. Cravinho?

roth disse...

Caro Orlando,

Peço desculpa por não o ter cumprimentado no comentário acima.
Um abraço
Roth

Anónimo disse...

Pois o Orlando, orgulha as boas gentes!
É assim memo que se fala! :)