É assim mesmo. No reivindicar é que está o ganho. Foi assim com Santana Lopes. Achou que merecia uma condecoração, disse-o publicamente e zás, o Presidente da República tirou da gaveta a grã-cruz da Ordem de Cristo que, terça-feira, será colocada ao peito do ex-futuro tudo e mais alguma coisa.
E, assim, condecoração com condecoração se paga, seja uma boa e outra má, ou vice-versa. Aliás, quando toca a satisfazer ambições vale tudo na política portuguesa, seja Cavaco a dizer mal de Santana, seja Pedro a dizer mal de Aníbal.
E porque, mudando os tempos também se mudam as vontades, aqui temos o Presidente da República a condecorar Santana Lopes pelo que agora se chama de “funções públicas de alto relevo". Antigamente era por funções a bem da Nação.
"Fui autarca, presidente de duas câmaras, primeiro-ministro", lembrou Santana Lopes a propósito de nunca ter sido condecorado, facto que representa uma lacuna de lesa Nação (ou Pátria) no curriculum do do ex-futuro tudo e mais alguma coisa.
Quando em 17 de Maio de 2008 falava em Coimbra, então na qualidade de candidato a líder do PSD, Santana disse que com ele “a anarquia ia acabar e que quem quisesse continuar a contestar sem construir teria de mudar de vida".
Foi, afinal, o que ele fez. Empurrado, é certo. Mas, mesmo assim, lá foi dar uma volta para, agora com condecoração, estar de regresso à ribalta.
Santana disse mesmo que ia acabar com quê? Anarquia? Infelizmente para os portugueses, o PSD é ele próprio (pelo menos nos últimos anos) um (in)equívoco. Quanto a querer acabar com a anarquia, Santana Lopes estava a dizer que queria acabar consigo próprio.
Tal como nessa altura, acredito que consiga enganar os sociais-democratas, não creio contudo que consiga enganar os portugueses, mesmo mostrando a condecoração que Cavaco Silva lhe vai dar.
À época, Maio de 2008, Santana Lopes dizia que o que estava em causa nas eleições directas dentro do PSD era "escolher um caminho para Portugal". É verdade. Mas, como se viu, o PSD nada mais ofereceu do que um muito estreito córrego. Foi por isso que o partido ficou sentado na beira da estrada a ver José Sócrates passar pela estrada da Beira.
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