terça-feira, janeiro 12, 2010

Prisão para os que ousam defender a causa de Cabinda e não, como diz a lei, a do MPLA

Tal como o juiz espanhol da Audiência Nacional, Fernando Grande-Marlaska, emitiu mandados de detenção contra os etarras Garikoitz García Arrieta e Iratxe Yáez Ortiz de Barron, talvez fosse boa ideia o MPLA (ou o governo, já que são sinónimos) fazer o mesmo contra todos os simpatizantes da causa independentista de Cabinda.

E, aproveitando o balanço e tudo o que o petróleo compra, poderia também mandar prender todos aqueles que não vão à missa do MPLA.

Seria uma reedição da tese de Vasco Gonçalves que queria meter todos os retornados no Campo Pequeno, embora agora adaptado talvez ao Estádio 11 de Novembro, em Luanda. Isto, é claro, depois da realização da Taça Africana das Nações em futebol.

Creio que poderia ser uma iniciativa coroada de sucesso, desde logo porque o MPLA sabe que a comunidade internacional está sempre disponível para mandar prender os pilha-galinhas e nunca os donos dos aviários.

Por outras palavras, José Eduardo dos Santos pode fazer tudo o que entender, quando entender, como entender que nenhum juiz o vai chatear. Pelo menos enquanto for ele o dono de Angola, e não só.

Veja-se, como mero exemplo, que o presidente sudanês, Omar al-Bashir, vai candidatar-se ao seu próprio lugar nas eleições gerais apontadas para Abril, estando-se nas tintas para o facto de ser o primeiro chefe de Estado em exercício sobre o qual impende um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI) que o acusa – infundadamente, como é óbvio - de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Darfur.


Em Darfur, fontes certamente muito mal informadas apontaram para mais de 300 mil mortos e dois mihões de deslocados. Mas ninguém toca em Omar al-Bashir enquanto, é claro, ele também for o dono do Sudão.

Acrescente-se que Omar al-Bashir não passa, ao pé de Eduardo dos Santos, de um mero aprendiz. Desde logo porque só é chefe do exército desde o golpe de Estado de 30 de Junho de 1989, quando derrubou o governo democrático de Sadek al-Mahdi...

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