Os mais recentes dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT) confirmam a tendência de queda nas vendas dos jornais diários. Só os económicos parecem imunes à crise.
Atendendo a que em Portugal está estabelecido como único o critério da subserviência em vez do da competência, só vejo uma solução, já iniciada o ano passado de forma mais visível: despedimenos colectivos... até que seja passada a certidão de óbito. Óbito dos jornais já que a dos Jornalistas há muito que foi passada.
Num país que aceita impávida e serenamente que mercenários (ainda por cima incompetentes) sejam donos de jornais, e que contratem outros iguais para os dirigir, a solução é mesmo aquela que se avizinha para o próprio país: o fim.
A imprensa portuguesa continua a ser fortemente penalizada por quebras na circulação paga (vendas em banca e assinaturas). Constatado o estado terminal dos jornais, parece – segundo a tese dos donos dos jornais e dos donos dos donos – que não há solução.
Só parece. De facto, existe solução para recuperar. Mas essa passa, é claro, por acabar de cima para baixo com todos os mercenários que tomaram de assalto o país.
Em Setembro e Outubro foram vendidos menos 51 417 jornais diários do que no período homólogo de 2008, uma quebra geral de 15,4%. Longe vão os tempos em que qualquer sinal de perigo era entendido como um estímulo à luta, à competência, à inovação, à ousadia...
O Diário de Notícias, que deixou de investir em marketing promocional desde Março, numa estratégia de redução de custos face ao difícil momento económico que afecta o sector, caiu 14%, não sendo o diário generalista a registar maior descida no período em análise.
Pois! Cada vez mais os leitores portugueses, apesar dos seus brandos costumes, recusam comprar produtos de linha branca porque, e bem, entendem que não está correcto esses produtos aparecerem no mercado como se de marca se tratassem. Gato por lebre já bastam os que proliferam na política.
O 24 Horas, também do grupo Controlinveste, que mudou o seu formato durante ano passado, sofreu a queda de vendas mais acentuada (48%), seguido do Público com uma descida de 19%.
Dentro do grupo liderado por Joaquim Oliveira, o melhor desempenho pertenceu ao Jornal de Notícias que viu a sua circulação paga diminuir 11% neste último bimestre face ao homólogo de 2008.
Pois! É caso para dizer: quem te viu e quem te vê.
O Correio da Manhã, do grupo Cofina, apesar de registar uma descida de 7% no período em análise, continua a liderar os jornais diários enquanto o novo diário i tem para já uma média de venda de 12 167 exemplares, apresentando uma quebra de 13% no bimestre Setembro/Outubro relativamente aos dois meses anteriores.
Se, entre outras variantes, os jornais trabalhassem para os milhões que têm pouco e não para os poucos que têm milhões, se calhar teriam mais sucesso. Mas a ordem (dos donos dos jornais e dos donos dos donos) não é para dar voz a quem a não tem.
É, antes, para ampliar a voz dos donos do reino. E esses, como donos da verdade, não precisam de comprar jornais. E como quem os compra ou poderia comprar (o povo), se recusa a todos os dias ler jornais que são correias de transmissão do poder, que são um meio para passar atestados de menoridade intelectual, o resultado não pode ser outro.
1 comentário:
Caro Orlando
A linguagem dos números vale o que vale, mas ambos sabemos que é falaciosa. Quebras de15%? Só se for para rir… então e os milhares de exemplares que são diariamente oferecidos (caso do DN) nas bombas de gasolina?
E há aí uma questão fundamental que não foi abordada. E as perdas de publicidade? Só ao domingo, no caso do JN e reportando-nos aos domingos e há 10 anos atrás, deve ser para aí na casa dos 500%, não?...
Pois é, meu amigo, quem quer vender gato por lebre arrisca-se a perder a clientela. Não sei qual é a receita. Sei que é verdade que os tempos mudaram, mas tu lembras-te do tempo em que os jornais davam voz aos que não tinham voz?...
Abraço
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